Por Adeli Sell*
Não gosto de jogos, não jogo, mas defendo a legalização de todos os jogos no Brasil, bem como a criação de cassinos, com rígida legislação, com procedimentos capazes de sofrerem controle e fiscalização, com pagamento de impostos, com retorno social ao povo.
Joga quem quiser. Há gente que se vicia em jogos, dizem. São os ludopatas. Mas esses existirão sempre. Com o jogo clandestino, estão à mercê de máfias que mantêm cassinos clandestinos, casas de jogatina, exploração. Estarão nas mãos de agiotas e gente desse tipo. Ludopatia se trata como qualquer doença. Não há Lei Seca que elida o problema do alcoolismo. Ou alguém tem essa ilusão?
Jogar às claras. Em locais legalizados, abertos, fiscalizados. É a saída.
Proibir os jogos no Brasil com base nas ligações escusas com o jogo do bicho, o narcotráfico, a lavagem de dinheiro é uma ingenuidade, porque a lavagem de dinheiro se faz em muitas atividades econômicas. Isso acontece no Brasil porque não existe fiscalização, porque há a clara sensação da impunidade.
Um país como o nosso, que tem regiões com forte atrativo turístico, com rotas de cruzamento para diversas regiões, deve garantir a abertura e funcionamento legal de cassinos. Os tributos cobrados reverterão para obras de bem-estar social. O jogo não sendo legalizado, ele se torna necessariamente clandestino. Foi assim que o jogo do bicho, por capricho da esposa carola do Gal. Dutra, caiu na clandestinidade, dando espaço ao crime, à contravenção. Recentemente ficou escancarado que há setores ligados ao jogo com graves esquemas escusos, com suborno a políticos. Alguns desses políticos estão prontos para entrar no jogo sujo da contravenção. Mas é preciso separar o joio do trigo. Há empresários sérios e honestos prontos para trabalhar na legalidade, pagando impostos.
O Estado, ao não querer legalizar os jogos, sabendo que sempre existirão na clandestinidade, está abdicando de sua função de regrar, ordenar, fiscalizar, abrir e fechar estabelecimentos.
Não querer legalizar o jogo é aceitar a hipocrisia de os ricos, os abonados, pegarem um cruzeiro em Ilhabela ou outro ponto turístico do país, embarcar, com o cassino fechado, e, logo na saída, ao zarpar, ter o cassino todo ao seu dispor. Está nas águas de nossa nação, o Brasil nada ganha com isso. É pura hipocrisia continuar proibindo, quando o jogo continua existindo.
Não legalizar os jogos no Brasil leva milhares de pessoas a abrir o computador, entrar num site e, ficar dentro de um cassino virtual, mas real para jogar, gastar. Nada fica aqui.
Chega de hipocrisia. Vamos legalizar os jogos, criar empregos, cobrar impostos, fazer obras sociais. E, é claro, fiscalizar!
Adeli Sell é vereador em Porto Alegre - adelisell@camarapoa.rs.gov.br