Onde está a imprensa especializada em isso e aquilo? Cadê seus analistas? Onde está a imprensa que se diz imparcial, mãe da democracia? As perguntas são necessárias porque a Justiça do RS condenou a Ford a pagar uma indenização de R$ 134 milhões ao governo gaúcho, por ter desistido de instalar uma fábrica em Guaíba. A tal fábrica fora “conquistada” no governo de Antônio Britto, que ofertou vários incentivos fiscais à montadora. Depois que Olívio assumiu o governo, nada de acerto com a “política” da empresa e a Ford acabou indo para a BA.
Olívio foi massacrado, ofendido vulgarmente por essa mesma imprensa que hoje noticia a condenação apenas de forma discreta. Agora, nada de muito barulho. Isso porque a conduta de Olívio estava certa, pautada na ética. A Ford não prestou contas de mais de R$ 40 milhões que recebera do governo Britto, e ainda queria o restante prometido pelo peemedebista quando o petista Olívio assumiu o Estado. Hoje não há comentarista batendo na mesa ao meio-dia, ele nem sequer esbraveja como outrora.
Esse incidente envolvendo a condenação da Ford até absolve Olívio das críticas que sofreu, mas não apaga as marcas das ofensas. Porém, mostra algo que vai além, mostra que a grande imprensa brasileira não se importa com o povo brasileiro. A Ford pode levar nossos milhões, desde que alguns interesses particulares sejam satisfeitos. A imprensa é feita de empresas, e essas seguem a lógica voraz do capitalismo. Não há ética nem ideal, não é o interesse de seu povo que deve ser levado em consideração ao se adotar uma posição e divulgar uma notícia. O que se faz é produzir notícia e opiniões estúpidas que se traduzam no lucro de uns poucos que comandam essas empresas e no lucro das elites financeiras das quais a grande mídia é representante.
Liberdade de imprensa, ética e lucro a qualquer preço não combinam, não falam a mesma língua. Mas e então, quem pedirá desculpas a Olívio Dutra? Onde estão aqueles que o acusaram de mandar a Ford embora?
Confira abaixo a notícia extraída do site do próprio jornal Zero Hora, pertencente ao Grupo RBS, conglomerado de comunicação que foi grande defensor da política de incentivos à Ford e que culpou Olívio pela debandada da montadora de automóveis.
Ford é condenada a indenizar governo do Estado por desistência de fábrica em Guaíba
Uma década após a montadora Ford desistir de instalar uma fábrica em Guaíba, a Justiça Estadual do Rio Grande do Sul condenou a empresa a pagar uma indenização ao governo do Estado de R$ 134 milhões - valor nominal relativo à época, sem a correção monetária. A decisão foi proferida pela juíza Lilian Cristiane Siman, da 5° Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre, em 15 de dezembro de 2009.
Na decisão, a magistrada reconhece que a Ford foi responsável pelo rompimento do contrato e que o governo cumpriu todos os pontos previstos no contrato firmado ainda em março de 1998. Naquela época, foram investidos valores em obras de infraestrutura na área onde seria instalado o complexo industrial e outras despesas em torno do projeto.
Em 1999, a Ford teria que fazer uma prestação de contas sobre os gastos com o projeto no Rio Grande do Sul, mas os documentos foram considerados insuficientes pela Contadoria e Auditoria Geral do Estado (Cage). Conforme a sentença, antes mesmo da conclusão dos trabalhos da Cage, a Ford já havia se retirado do empreendimento por iniciativa própria, anunciando a ida para a Bahia – sem encerrar tratativas oficiais com o governo da época.
A empresa já recorreu da decisão e, com isso, obteve efeito suspensivo sobre a sentença. Assim, não precisará pagar a indenização enquanto o recurso não for julgado. Segundo informações do Tribunal de Justiça do RS, o processo será distribuído dentro da Corte nos próximos dias.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Ford Brasil informou que o processo envolvendo o governo gaúcho e a empresa encontra-se sub judice.
– Por este motivo, a Ford não se pronunciará neste momento, pois aguarda uma solução final do processo por parte dos órgãos competentes –, diz o texto.
A íntegra do processo nº 10503162640 pode ser consultado no site do Tribunal de Justiça do RS.
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