RS RECEBE MAIS 39 AMBULÂNCIAS DO GOVERNO FEDERAL
JÁ FORAM REPASSADAS AO ESTADO 123 AMBULÂNCIAS
ATENDIMENTO DO SAMU JÁ REALIZA A COBERTURA DE 130 MILHÕES DE BASILEIROS
São as primeiras das 2.312 unidades que serão distribuídas até agosto deste ano. A primeira remessa aumenta a frota do SAMU/192 em 43,6% e eleva a cobertura atual para 130 milhões de brasileiros
O Ministério da Saúde vai distribuir a todos os estados e o Distrito Federal a primeira remessa de ambulâncias de um total de 2.312 adquiridas pelo governo federal. São 650 novos veículos que atuarão no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU/192) de 573 cidades (veja tabela). A previsão é que as 2.312 ambulâncias sejam entregues até agosto. Com isso, o governo federal vai mais que dobrar as 1.488 unidades existentes hoje no país e atender, até o fim do ano, mais de 160 milhões de brasileiros. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro José Gomes Temporão participam de cerimônia de entrega dos veículos nesta quinta-feira (25), em Tatuí (SP).
O investimento na compra das 2.312 ambulâncias, a maior já feita pelo Ministério da Saúde, foi de R$ 256,4 milhões. O governo federal repassará ainda aos estados R$ 719,1 milhões por ano para o custeio das atividades. As 650 da primeira remessa custaram R$ 75,8 milhões e os estados e os municípios receberão R$ 97,5 milhões por ano para manutenção do serviço. Na cerimônia, as chaves das ambulâncias serão entregues aos prefeitos de Porto Acre (AC), Sarandi (RS), Nova Crixás (GO), Arapiraca (AL) e Tatuí (SP), que representam as cinco regiões do país. Caberá aos governos locais contratar as equipes e colocar as ambulâncias em funcionamento.
Os veículos dessa primeira remessa ajudarão a ampliar o serviço de urgência no país, acelerando o atendimento e atingindo percentuais altos de cobertura nos estados. As 650 representam reforço de 43,6% na frota nacional, beneficiando mais de 24,2 milhões de pessoas. Com esse aumento, Alagoas, Amapá, Goiás e Roraima chegarão a 100% de cobertura. Isso significa que o SAMU vai atingir todo o território desses cinco estados. Outros quatro estados já haviam alcançado esse índice: Acre, Distrito Federal, Santa Catarina e Sergipe.
IMPACTO NO ATENDIMENTO - “Estamos dando um passo importante em direção à universalização do SAMU/192. As novas ambulâncias vão expandir as ações do programa, ao garantir um atendimento de qualidade a uma parcela maior da população. O aumento da frota melhora o tempo de resposta médica e torna a assistência cada vez mais ágil”, afirma o ministro José Gomes Temporão.
As 1.488 ambulâncias do SAMU/192 que hoje circulam no país atingem 106 milhões de pessoas - 55% da população do país. Com as 650, o índice de cobertura passará para 67,7% (130 milhões de pessoas). A meta do governo federal é universalizar o SAMU/192. Até o fim de 2010, o serviço chegará a 162,7 milhões de pessoas. O número de veículos para atendimento de urgência no país mais que dobrará com a distribuição das 2.312, chegando a 3.800 unidades em funcionamento no país.
Além da expansão no atendimento, as novas ambulâncias servirão também para renovar a frota, substituindo os veículos que, devido ao tempo de uso, quilometragem atingida e condições, devem ser retirados de circulação. Mais de 350 veículos serão utilizados na substituição de antigos – o que representa uma renovação de cerca de 25% da frota do país até o fim de agosto.
EXPANSÃO DO SAMU – O Ministério da Saúde dará continuidade ao cronograma de entrega das novas ambulâncias após a entrega das 650. A distribuição das primeiras unidades seguiu critérios técnicos. Tiveram prioridade as cidades que apresentaram projetos avançados para a expansão e implantação de centrais de atendimento do SAMU/192; as áreas beneficiadas pelo Pacto pela Redução da Mortalidade Infantil (região Amazônica e Nordeste); e Territórios de Cidadania, regiões de baixo índice de desenvolvimento, que apresentam agricultura familiar, população quilombola ou indígenas.
Na entrega da primeira remessa, São Paulo receberá o maior número de ambulâncias do SAMU/192, 117, e chegará a uma cobertura de 70,17%. Em seguida, está a Bahia, que contará com 67 novos veículos, o suficiente para expandir o atendimento a 56,7% da população do estado. Pará ganhará 58 unidades, estendendo a cobertura do serviço a 70,7% dos paraenses.
Todas as ambulâncias que serão entregues nesta quinta-feira (25) são de suporte básico de vida - USB. Nas próximas remessas, o Ministério da Saúde distribuirá veículos de Suporte Avançado de Vida (USA), conhecidos como UTI Móvel. Do total da compra de 2.312, cerca de 400 são UTI Móvel e o restante, USB.
Embora as 650 ambulâncias sejam distribuídas a 573 cidades, elas beneficiarão uma região muito maior. O SAMU/192 é estruturado por meio das Centrais de Regulação, em que profissionais atendem os telefonemas de determinadas regiões, orientam o paciente sobre os primeiros cuidados, encaminham o veículo e entram em contato com a unidade de saúde que será responsável por receber o paciente. Assim, as ambulâncias estarão vinculadas às centrais das 573 cidades e atenderão uma área total de 1.060 municípios.
Com o reforço desses 650 novos veículos, o SAMU/192 vai atingir 2.354 cidades brasileiras - crescimento de 90,7% no total de localidades atendidas – 1.234 hoje. Com a entrega de todas as 2.312, o número de municípios com cobertura do SAMU chegará a 4.135 (74% do total existente no país).
INTEGRAÇÃO NA SAÚDE PÚBLICA - A entrega das ambulâncias reforça a política de atendimento integrado à população brasileira, estratégia elaborada pelo Ministério da Saúde para melhorar os serviços oferecidos na rede pública. O SAMU/192, nos casos de urgência, presta o primeiro atendimento ao paciente e o encaminha para os serviços mais adequados - as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), que funcionam 24h e solucionam casos como pressão e febre alta, fraturas, cortes, infarto e AVC, ou os hospitais, em situações mais graves ou em que é necessário um acompanhamento mais específico.
A assistência ao paciente é realizada também por meio da Estratégia Saúde da Família. Voltada à atenção básica, inclui ações de prevenção de doenças, diagnóstico e promoção da saúde. As equipes de Saúde da Família são a porta de entrada do cidadão na rede pública de saúde. O governo federal aposta nessa rede, em que o atendimento básico e de urgência e emergência está integrado, para reduzir as filas dos hospitais e tornar o Sistema Único de Saúde (SUS) mais eficiente.
COMO FUNCIONA O SERVIÇO - O SAMU/192 faz parte da Política Nacional de Urgências e Emergências, de 2003, e ajuda a organizar o atendimento na rede pública. O socorro do SAMU é realizado após chamada gratuita para o telefone 192. As ligações são atendidas por técnicos da Central de Regulação que identificam a emergência e, imediatamente, transferem o telefonema para o médico regulador. Esse profissional faz o diagnóstico da situação e inicia o atendimento no mesmo instante.
Ao mesmo tempo, o médico regulador avalia o melhor procedimento a ser adotado: orienta a pessoa a procurar um posto de saúde ou hospital ou designa uma ambulância para o atendimento do paciente. Com poder de autoridade sanitária, o médico regulador comunica a urgência ou emergência aos hospitais públicos e reserva leitos para que o atendimento tenha continuidade.
Distribuição das 650 novas ambulâncias
ESTADO
Nº de novas ambulâncias
Total de Ambulâncias
Acre
6
25
Alagoas
29
43
Amapá
12
19
Amazonas
6
29
Bahia
67
182
Ceará
7
44
Distrito Federal
3
40
Espírito Santo
4
24
Goiás
42
128
Maranhão
10
64
Mato Grosso
15
31
Mato Grosso do Sul
16
33
Minas Gerais
46
169
Pará
58
88
Paraíba
10
41
Paraná
48
106
Pernambuco
12
88
Piauí
8
34
Rio de Janeiro
18
160
Rio Grande do Norte
26
55
Rio Grande do Sul
39
123
Rondônia
3
8
Roraima
11
15
Santa Catarina
23
113
São Paulo
117
394
Sergipe
7
65
Tocantins
7
17
TOTAL
650
2.138
Outras informações Atendimento à Imprensa (61) 3315 3580 e 3315 2351
jornalismo@saude.gov.br
Fonte: http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/noticias/default.cfm?pg=dspDetalheNoticia&id_area=124&CO_NOTICIA=11168
terça-feira, 30 de março de 2010
segunda-feira, 29 de março de 2010
Por que Datafolha cheira mal
Vários fatores estão gerando suspeita sobre a pesquisa Datafolha feitade afogadilho na quinta e na sexta-feira e publicada hoje (sábado, 27 de março de 2010), começandopela pressa e pelo sigilo que envolveram a sua realização. O próximofator que salta aos olhos é a conveniência dessa sondagem para ogovernador José Serra, notoriamente o candidato a presidente dafamília Frias, dona do grupo Folha, justamente na véspera de seuafastamento do governo do Estado e do lançamento da sua candidatura.O terceiro fator está contido na análise do diretor do Datafolha,Mauro Paulino, na Folha, valendo-se da platitude de que “pesquisas sãoflagrantes do momento” e que podem mudar, pois parece plantar uma“explicação” para o previsível desmentido dessa pesquisa por outrosinstitutos.O último fator, tão subjetivo quanto os anteriores, é o de que estamosfalando de um instituto de pesquisas de opinião que pertence à Folhade São Paulo, aquele jornal que não hesitou em publicar, em suaprimeira página, falsificação grosseira de ficha policial da grandeadversária de Serra.A pesquisa tenta se justificar exacerbando os pontos mais frágeis daministra Dilma Rousseff, como a maior dificuldade dela entre aspessoas do mesmo sexo e do Sul do país, arrematando com as propagandasde Serra na TV e sua intensa incursão nos programas de auditório, oucom ele ter admitido que é candidato e por estar chovendo menos em SãoPaulo.Nada explica, porém, que, tão repentina e intensamente, as mulheres eo Sul do país tenham descoberto que amam Serra. Duvido de que umadeclaração dele de que é candidato ou acontecerem um pouco menosdesastres em São Paulo lhe permitiriam angariar cerca de 7,5 milhõesde votos (cada ponto percentual vale 1,5 milhão) tão rapidamente.A pesquisa Datafolha é de uma conveniência inacreditável para Serra.Ele deve ser o político mais sortudo do mundo. Esses números serãousados para ajudar a fechar apoios políticos à sua candidatura e asoterrar resistências dentro do seu partido e entre seus aliadosexternos.Finalmente, concluo que essa manipulação escandalosa permitirá ver atéque ponto o PT está preparado para enfrentar uma campanha desse nível.Se o partido, de uma forma ou de outra, não encomendar pesquisas comceleridade, permitindo, assim, que o factóide surta efeito, serápreocupante.Por outro lado, se o PT mostrar que está antenado e disposto aenfrentar a guerra eleitoral que se avizinha, a Folha e seu grupopolítico poderão descobrir que fizeram uma aposta muito alta aofalsificarem uma pesquisa de forma tão grosseira. E por que o Datafolha foi a campo - Há um outro fator que torna aindamais estranha a pesquisa Datafolha divulgada neste sábado. Paraentendê-lo, vejamos a freqüência com que o instituto de pesquisas temido a campo para a avaliar a sucessão presidencial.As últimas três sondagens aconteceram de 14 a 18 de dezembro de 2009,de 24 a 25 de fevereiro de 2010 e, surpresa!, meros 30 dias depois. E,à diferença de suas pesquisas anteriores, não houve divulgação de queesta ocorreria.Por que o Datafolha foi a campo tão rápida, sigilosa einesperadamente? Terá alguma coisa que ver com o lançamento iminenteda candidatura Serra, aquela que eu dizia, de novo na contramão damaioria, que era inexorável?
Eduardo Guimarães
Fonte: Blog Cidadania
Eduardo Guimarães
Fonte: Blog Cidadania
A máscara do Dataroubo está caindo
COMENTÁRIO-DENÚNCIA DE UM LEITOR DO CONVERSA AFIADA DO PAULO HENRIQUE AMORIN: "Carlos Doenha Freitas em 27/março/2010 as 11:52
Jornalista Paulo Henrique Amorim
Sou entrevistador do Datafolha há algum tempo e desta vez percebi quea manipulação das entrevistas foi descarada, não podia deixar dedenunciar.Participei do trabalho de entrevistas desta pesquisa divulgada hojeque coloca o José Serra na frente da Dilma com 9 pontos.Posso garantir que sempre são realizadas entrevistas em maior númeronos bairros onde vivem as pessoas mais ricas, desta vez então foramrealizadas entrevistas nestes bairros em maior número ainda e emfichas em branco no local onde é anotada a região onde a entrevistafoi realizada.Eu e outros pesquisadores ja percebemos isto a muito tempo mas agorafoi demais, isto deve estar acontecendo em outros locais do Brasil.Não podiamos deixar de denunciar, esta pesquisa foi manipulada, podeacreditar, a Dilma ja esta até na frente do Serra, pois, nos bairrosmais pobres de São Paulo ela esta bem mais na frente, é que acoordenação da pesquisa mandou fazer mais pesquisas onde mora menosgente e as pessoas são mais ricas.Estamos denunciando isto porque é uma vergonha, a folha e a Globoquerem fazer o povo brasileiro de tontos, chega.
Fonte: "http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=29164
Jornalista Paulo Henrique Amorim
Sou entrevistador do Datafolha há algum tempo e desta vez percebi quea manipulação das entrevistas foi descarada, não podia deixar dedenunciar.Participei do trabalho de entrevistas desta pesquisa divulgada hojeque coloca o José Serra na frente da Dilma com 9 pontos.Posso garantir que sempre são realizadas entrevistas em maior númeronos bairros onde vivem as pessoas mais ricas, desta vez então foramrealizadas entrevistas nestes bairros em maior número ainda e emfichas em branco no local onde é anotada a região onde a entrevistafoi realizada.Eu e outros pesquisadores ja percebemos isto a muito tempo mas agorafoi demais, isto deve estar acontecendo em outros locais do Brasil.Não podiamos deixar de denunciar, esta pesquisa foi manipulada, podeacreditar, a Dilma ja esta até na frente do Serra, pois, nos bairrosmais pobres de São Paulo ela esta bem mais na frente, é que acoordenação da pesquisa mandou fazer mais pesquisas onde mora menosgente e as pessoas são mais ricas.Estamos denunciando isto porque é uma vergonha, a folha e a Globoquerem fazer o povo brasileiro de tontos, chega.
Fonte: "http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=29164
sábado, 27 de março de 2010
O Datafolha, os professores e o mundo bizarro de Serra
Por Marco Aurélio Weissheimer
A pesquisa Datafolha, divulgada neste sábado, apresenta dados curiosos. Segundo o instituto, Serra abriu vantagem na disputa. No entanto, a mesma pesquisa aponta que Dilma ampliou sua vantagem na espontânea, dado obviamente omitido das manchetes. Enquanto isso, professores experimentam mais uma vez a truculência do governo Serra, que reprimiu duramente manifestação de sexta-feira. Jornalista Leandro Fortes analisa foto que, segundo ele, ilustra bem o mundo bizarro do governador José Serra. (A foto é de Clayton de Souza, da Agência Estado).
Como explicar essa diferença entre os números da espontânea e da estimulada? Talvez um manuseio excessivamente entusiasmado na margem de erro da estimulada? Sabe-se lá...
Os professores e o "mundo bizarro de Serra”
A pesquisa Datafolha serve também, entre outras coisas, como uma antecipação da campanha de Serra aos problemas à sua imagem causados pela greve dos professores em São Paulo. Na sexta-feira, tropas de choque da Polícia Militar de São Paulo reprimiram uma nova manifestação dos grevistas, usando bombas de efeito moral e balas de borracha. Pelo menos 16 pessoas ficaram feridas. Se a matéria relativa à pesquisa tivesse uma foto para ilustrar o quadro por ela descrito, essa foto seria a da Agência Estado (acima), de que fala o jornalista Leandro Fortes, em seu blog Brasília, eu vi (ver abaixo). No final da noite de sexta, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), divulgou nota oficial, condenando a truculência do governo Serra e pedindo, mais uma vez, a abertura de negociações com a categoria:
Os lamentáveis acontecimentos de hoje nas proximidades do Palácio dos Bandeirantes, onde a truculenta polícia de José Serra deixou vários professores feridos, não vão calar a voz do magistério paulista em busca do atendimento de suas legítimas reivindicações salariais, profissionais e educacionais.
Bombas, truculência, ameaças e afrontas não nos intimidarão. Temos reivindicações e queremos negociação. Não nos ajoelharemos e não nos curvaremos à vontade deste governo. A greve continua!
Os acontecimentos da sexta-feira em São Paulo foram resumidos assim pelo jornalista Leandro Fortes em seu blog, Brasília eu vi:
Muito ainda se falará dessa foto de Clayton de Souza, da Agência Estado, por tudo que ela significa e dignifica, apesar do imenso paradoxo que encerra. A insolvência moral da política paulista gerou esse instantâneo estupendo, repleto de um simbolismo extremamente caro à natureza humana, cheio de amor e dor. Este professor que carrega o PM ferido é um quadro da arte absurda em que se transformou um governo sustentado artificialmente pela mídia e por coronéis do capital. É um mural multifacetado de significados, tudo resumido numa imagem inesquecível eternizada por um fotojornalista num momento solitário de glória. Ao desprezar o movimento grevista dos professores, ao debochar dos movimentos sociais e autorizar sua polícia a descer o cacete no corpo docente, José Serra conseguiu produzir, ao mesmo tempo, uma obra prima fotográfica, uma elegia à solidariedade humana e uma peça de campanha para Dilma Rousseff.
Inesquecível, Serra, inesquecível.
Fotos: Clayton de Souza/Agência Estado
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16489
terça-feira, 23 de março de 2010
O surpreendente Lula
FHC, o farol, o sociólogo, entende tanto de sociologia quanto o governador de São Paulo, José Serra, entende de economia. ??.
Lula, que não entende de sociologia, levou 32 milhões de miseráveis e pobres à condição de consumidores; que não entende de economia, pagou as contas de FHC, zerou a dívida com o FMI e ainda empresta algum aos ricos.
Lula, o "analfabeto", que não entende de educação, criou mais escolas e universidades que seus antecessores juntos, e ainda criou o PROUNI, que leva o filho do pobre à universidade.
Lula, que não entende de finanças nem de contas públicas, elevou o salário mínimo de 64 para mais de 200 dólares, e não quebrou a previdência como queria FHC.
Lula, que não entende de psicologia, levantou o moral da Nação e disse que o Brasil está melhor que o mundo. Embora o "PIG" – Partido da Imprensa Golpista, que entende de tudo, diga que não.
Lula, que não entende de engenharia, nem de mecânica, nem de nada, reabilitou o Proálcool, acreditou no biodiesel e levou o país à liderança mundial de combustíveis renováveis.
Lula, que não entende de política, mudou os paradigmas mundiais e colocou o Brasil na liderança dos países emergentes, passou a ser respeitado e enterrou o G-8.
Lula, que não entende de política externa nem de conciliação, pois foi sindicalista brucutu, mandou às favas a Alca, olhou para os parceiros do sul, especialmente para os vizinhos da América Latina, onde exerce liderança absoluta sem ser imperialista. Tem fácil trânsito junto a Chaves, Fidel, Obama, Evo etc. Bobo que é, cedeu a tudo e a todos.
Lula, que não entende de mulher nem de negro, colocou o primeiro negro no Supremo (desmoralizado por brancos), uma mulher no cargo de primeira ministra, e pode fazê-la sua sucessora.
Lula, que não entende de etiqueta, sentou ao lado da rainha e afrontou nossa fidalguia branca de lentes azuis.
Lula, que não entende de desenvolvimento, nunca ouviu falar de Keynes; criou o PAC, antes mesmo que o mundo inteiro dissesse que é hora de o Estado investir, e hoje o PAC é um amortecedor da crise.
Lula, que não entende de crise, mandou baixar o IPI e levou a indústria automobilística a bater recorde no trimestre.
Lula, que não entende de português nem de outra língua, tem fluência entre os líderes mundiais, é respeitado e citado entre as pessoas mais poderosas e influentes no mundo atual.
Lula, que não entende de respeito a seus pares, pois é um brucutu, já tinha empatia e relação direta com Bush – notada até pela imprensa americana – e agora tem a mesma empatia com Obama.
Lula, que não entende nada de sindicato, pois era apenas um agitador, é amigo do tal John Sweeny e entra na Casa Branca com credencial de negociador, lá, nos "States".
Lula, que não entende de geografia, pois não sabe interpretar um mapa, é ator da mudança geopolítica das Américas.
Lula, que não entende nada de diplomacia internacional, pois nunca estará preparado, age com sabedoria em todas as frentes e se torna interlocutor universal.
Lula, que não entende nada de história, pois é apenas um locutor de bravatas, faz história e será lembrado por um grande legado, dentro e fora do Brasil.
Lula, que não entende nada de conflitos armados nem de guerra, pois é um pacifista ingênuo, já é cotado pelos palestinos para dialogar com Israel.
Lula, que não entende nada de nada, ainda é melhor que todos os outros que já tivemos.
Pedro R. Lima, professor
Fonte: http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=22717
segunda-feira, 22 de março de 2010
É hora de reduzir a jornada
*Artigo de Artur Henrique, presidente
da Central Única deTrabalhadores,
publicado no jornal O Globo.
Um dos resultados importantes que a redução da jornada vai trazer é mais oportunidade para o trabalhador e a trabalhadora investirem tempo em sua qualificação profissional e em sua educação formal. São frequentes as reclamações de empresários e trabalhadores de que a força de trabalho no Brasil carece de qualificação. Entre as medidas que precisam ser tomadas para superar esse problema está, sem dúvida nenhuma, a diminuição da jornada. Ou alguém supõe ser fácil combinar uma jornada de oito horas diárias e duas horas extras, mais o longo tempo que as pessoas gastam entre a casa e o trabalho, e o estudo? Em alguns casos esse obstáculo torna a equação absolutamente impossível. Queremos quatro horas semanais a menos de trabalho, que com inteligência e imaginação podem ser distribuídas ao longo da semana e produzir impactos positivos em diversas frentes. Como toda mudança, a jornada menor vai abrir novas discussões durante a sua consolidação — e seremos certamente capazes de encontrar boas soluções. Podemos imaginar, por exemplo, o impulso ao setor de comércio e serviços, proporcionado por mais tempo livre para o convívio familiar, para acultura e o lazer. Nada mais justo. Segundo a própria CNI (Confederação Nacionalda Indústria), a participação dos salários nos custos da indústria no Brasil é em média 22%. Portanto, a redução de 44 horas para 40 horas sem redução de salário representaria 9,09% de aumento nesses custos. Ou seja, um impacto de apenas 1,99% para as empresas. Por outro lado, de 1988 (último ano em que ocorreu a redução de jornada, de 48 para 44 horas) a 2008, a produtividade na indústria de transformação no Brasil segundo o IBGE foi de 84,24%. Fica fácil perceber que entre 1,99% e 84,24% existe um enorme espaço para reduzir a jornada sem reduzir os salários, mantendo a enorme lucratividade das empresas. Além de mostrar que a redução da jornada é um instrumento de distribuição dos ganhos de produtividade para o conjunto dos trabalhadores, não podemos deixar de mencionar que deve vir combinada com a remuneração adicional de 75% sobre as horas extras, sem o que a mudança poderia ser inócua em certos setores. Assim, a redução da jornada vai, de fato, proporcionar a abertura de novas vagas de trabalho. Serão 2,5 milhões com a redução e 1,2 milhão com a limitação das horas extras. O empresariado faria melhor encarando esse debate sem mistificações ou argumentos baseados no medo. O processo de organização sindical já conquistou as 40 horas para diversas categorias. Como a legislação de um país deve traduzir e refletir as conquistas sociais, está na hora de estender a mudança. Queremos quatro horas semanais a menos de trabalho.
*Artur Henrique é presidente da Central Única de Trabalhadores (CUT).
quarta-feira, 17 de março de 2010
Aprovação do governo Lula sobe para 75% e bate recorde
Desaprovação ao presidente caiu de 14% para 13%
A avaliação positiva do governo Lula subiu em março para 75%, segundo a pesquisa CNI/Ibope divulgada hoje. No levantamento anterior, o porcentual estava em 72%. O índice de hoje representa a mais alta avaliação positiva já registrada pela pesquisa.
De acordo com o levantamento, a avaliação regular do governo Lula recuou de 21% para 19%, enquanto a negativa caiu de 6% para 5%. As melhores avaliações do governo Lula foram feitas por homens. Em termos de idade, os melhores registros estavam na faixa de 30 a 39 anos. Por escolaridade, a aprovação era maior entre pessoas que têm entre a quinta e a oitava série do ensino fundamental. Por região, o destaque foi o Nordeste e, por renda, as famílias de até um salário mínimo.
A pesquisa mostrou ainda estabilidade na aprovação ao presidente Lula, de 83%, em relação à pesquisa anterior. Esta foi a primeira estabilidade após uma sequência de três altas.
A desaprovação ao presidente caiu de 14% para 13%. Já a confiança no presidente caiu de 78% para 77% na mesma comparação, enquanto 20% disseram que não confiam no presidente, ante 19% em novembro.
O porcentual de entrevistados que consideram o segundo mandato de Lula melhor que o primeiro aumentou de 46% para 49%. O total dos que consideram pior caiu de 13% para 9%. O porcentual de 9% é o mais baixo identificado pela pesquisa, que começou a ser feita há três anos. Já a parcela dos que avaliam que o segundo mandato é igual ao primeiro permaneceu estável, em 40%.
A pesquisa CNI/Ibope realizou 2.002 entrevistas em 140 municípios do Brasil, no período de 6 a 10 de março. A margem de erro é de dois pontos porcentuais, para cima ou para baixo.
Fonte: Agência Estado
A avaliação positiva do governo Lula subiu em março para 75%, segundo a pesquisa CNI/Ibope divulgada hoje. No levantamento anterior, o porcentual estava em 72%. O índice de hoje representa a mais alta avaliação positiva já registrada pela pesquisa.
De acordo com o levantamento, a avaliação regular do governo Lula recuou de 21% para 19%, enquanto a negativa caiu de 6% para 5%. As melhores avaliações do governo Lula foram feitas por homens. Em termos de idade, os melhores registros estavam na faixa de 30 a 39 anos. Por escolaridade, a aprovação era maior entre pessoas que têm entre a quinta e a oitava série do ensino fundamental. Por região, o destaque foi o Nordeste e, por renda, as famílias de até um salário mínimo.
A pesquisa mostrou ainda estabilidade na aprovação ao presidente Lula, de 83%, em relação à pesquisa anterior. Esta foi a primeira estabilidade após uma sequência de três altas.
A desaprovação ao presidente caiu de 14% para 13%. Já a confiança no presidente caiu de 78% para 77% na mesma comparação, enquanto 20% disseram que não confiam no presidente, ante 19% em novembro.
O porcentual de entrevistados que consideram o segundo mandato de Lula melhor que o primeiro aumentou de 46% para 49%. O total dos que consideram pior caiu de 13% para 9%. O porcentual de 9% é o mais baixo identificado pela pesquisa, que começou a ser feita há três anos. Já a parcela dos que avaliam que o segundo mandato é igual ao primeiro permaneceu estável, em 40%.
A pesquisa CNI/Ibope realizou 2.002 entrevistas em 140 municípios do Brasil, no período de 6 a 10 de março. A margem de erro é de dois pontos porcentuais, para cima ou para baixo.
Fonte: Agência Estado
terça-feira, 16 de março de 2010
Dia Internacional da Mulher: pra conhecer, e jamais esquecer de Sônia Maria de Moraes Angel Jones
No dia 08 de março foi comemorado mais um Dia Internacional da Mulher. Em razão disso, o Partido dos Trabalhadores vai contar uma história que por um lado nos orgulha - pela luta desta mulher que nasceu bem aqui em nosso município, Santiago -, mas que por outro nos entristece muito mais, pelo fim que teve. Apesar de poucos saberem, Sônia Maria de Moraes Angel Jones é santiaguense. Parte de sua vida é retratada no filme Zuzu Angel, que pode ser encontrado em locadoras locais. Abaixo vai um texto que, mais do que informar, é um convite à reflexão, à inquietação... Remonta a um período de nosso Brasil que, podemos dizer, foi “ontem”.
Militante da AÇÃO LIBERTADORA NACIONAL (ALN).
Nasceu em 9 de novembro de 1946, em Santiago do Boqueirão, Estado do Rio Grande do Sul, filha de João Luiz Moraes e Cléa Lopes de Moraes.
Foi morta aos 27 anos em 1973, em São Paulo.
Estudou no colégio de Aplicação da antiga Faculdade Nacional de Filosofia e, posteriormente, na Faculdade de Economia e Administração da UFRJ, mas não chegou a se formar, sendo desligada pelo Decreto nº477, de 24 de setembro de 1969.
No Rio, trabalhava como professora de Português no Curso Goiás.
Casou-se, em 18 de agosto de 1968, com Stuart Edgar Angel Jones, militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8).
Em 1° de Maio de 1969, foi presa por ocasião das manifestações de rua na Praça Tiradentes/RJ com mais três estudantes, levada para o DOPS e, posteriormente, para o Presídio Feminino São Judas Tadeu. Somente foi libertada em 6 de agosto de 1969, quando foi julgada e absolvida por unanimidade pelo Superior Tribunal Militar. Passou a viver na clandestinidade.
Em maio de 1970 exilou-se na França, onde se matriculou na Universidade de Vincennes e, para se sustentar, trabalhou na Escola de Línguas Berlitz, em Paris, onde lecionava Português.
Com a prisão e desaparecimento de Stuart pelos órgãos brasileiros de repressão política, Sônia decidiu voltar ao Brasil para retomar a luta de resistência. Ingressou na ALN e viajou para o Chile, onde trabalhava como fotógrafa. Posteriormente, em maio de 1973, retornou clandestinamente ao Brasil, indo morar em São Paulo. Em 15 de novembro de 1973 alugou um apartamento em São Vicente, junto com Antônio Carlos Bicalho Lana, com quem se unira. Seu apartamento passou a ser vigiado, sendo presa, juntamente com Antônio Carlos, no mesmo mês, por agentes do DOI-CODI/SP, tendo o II Exército divulgado a notícia de que morrera, após combate, a caminho do hospital (O globo 1º de dezembro de 1973).
Foi assassinada sob torturas no dia 30 de novembro de 1973, juntamente com Antônio Carlos Bicalho Lana.
A autópsia assinada pelos legistas Harry Shibata e Antônio Valentine, apenas descreve as perfurações das balas, sem nada mencionar das torturas sofridas. Afirmam que o crânio sofreu corte característico da autópsia e que examinaram detidamente o corpo.
Durante quase vinte anos a família investigou os fatos relacionados à prisão, tortura e assassinato de Sônia e Antônio Carlos.
Como resultado dessas investigações, a família produziu o vídeo “Sônia Morta e Viva”, dirigido por Sérgio Waismann.
A prisão do casal, em São Vicente, foi detalhadamente planejada, como constatou sua família, durante as investigações junto aos empregados do prédio em que Sônia e Antônio Carlos moravam. Ela costumava, assim que se mudou, tomar banho de sol numa prainha ligada ao prédio e, desde então era observada de um prédio próximo por agentes policiais, através de uma luneta. Dias depois, os mesmos agentes comunicaram aos empregados do prédio que moravam ali dois terroristas muito perigosos e para justificar tal afirmativa “empregaram-se” como funcionários do prédio e passaram a observá-los mais de perto. Certa manhã, bem cedo, quando Antônio Carlos e Sônia pegaram o ônibus da Empresa Zefir, já havia dentro do ônibus alguns agentes, inclusive uma senhora vestida de vermelho. Ao mesmo tempo, nas imediações da agência do Canal 1, São Vicente, já se encontravam vários agentes à espera de que um deles, pelo menos, descesse para adquirir passagens, pois as mesmas não eram vendidas no ônibus. Até hoje, a família não pôde precisar o dia exato da prisão, possivelmente num sábado, depois do dia 15 de novembro, fato este testemunhado por Celso Pimenta, motorista do ônibus, e Ozéas de Oliveira, vendedor de bilhetes, ambos da Agência Zefir.
Existem duas versões a respeito da prisão, tortura e assassinato de Sônia e Antônio Carlos.
A versão do primo do pai de Sônia, coronel Canrobert Lopes da Costa, ex-comandante do DOI-CODI de Brasília, amigo pessoal do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, comandante do DOI-CODI de São Paulo: depois de presa, do DOI-CODI de São Paulo foi mandada para o DOI-CODI do Rio de Janeiro, onde foi torturada, estuprada com um cassetete e mandada de volta a São Paulo, já exangüe, onde recebeu dois tiros.
A versão do Sargento Marival Chaves, membro deo DOI-CODI/SP: Sônia e Antônio Carlos foram presos e levados para uma casa de tortura na Zona Sul de São Paulo onde ficaram de cinco a dez dias, até morrerem, dia 30 de novembro de 73 e foram colocados, no mesmo dia, à porta do DOI-CODI/SP, para servir de exemplo. Ao mesmo tempo, foi montado um “teatrinho” – termo usado pelo sargento – para justificar a versão oficial de que foram mortos em conseqüência de tiroteio, no mesmo dia 30 (metralharam com tiros de festim um casal e os colocaram imediatamente num carro).
Versão oficial publicada dia 1° de dezembro de 1973 em dois jornais: “O Globo” e “O Estado de São Paulo”: Morte de Sônia e Antônio Carlos, a caminho do Hospital, após tiroteio em confronto com os agentes de segurança, na Avenida de Pinedo, no Bairro de Santo Amaro, cidade de São Paulo, altura do n° 836, às 15 horas.
No arquivo do antigo DOPS/SP foi encontrado um documento da Polícia Civil de São Paulo-Divisão de Informações CPI/DOPS/SP que diz: “Consta arquivado nesta divisão uma cópia xerográfica do Laudo de Exame Necroscópico referente à epigrafada com data de 20 de novembro de 1973.” (Teve o laudo assinado antes de morrer?).
Apesar de haverem identificado Sônia Maria, os seus assassinos enterraram-na, como indigente, no Cemitério Dom Bosco, em Perús, sob o nome de Esmeralda Siqueira Aguiar. A troca proposital do nome de Sônia, demonstra a clara tentativa dos órgãos de repressão em esconder seu cadáver. A família de Sônia conseguiu obter através de processo de número 1483/79 na 1ª Vara Civil de São Paulo, a correção de identidade e retificação do Registro de Óbito.
Oficialmente morta, a família pôde transladar seus restos mortais para o Rio de Janeiro, em 1981.
Em 1982, na tentativa de apuração das reais circunstâncias da morte de Sônia, através de processo movido contra Harry Shibata, médico do IML/SP que atesta sua morte (inclusive assinando o atestado de óbito sob o nome falso e o laudo com nome verdadeiro), o IML/RJ constatou que os ossos entregues à família, enterrados no Rio de Janeiro, eram de um homem.
Para sepultar dignamente os restos mortais de Sônia, a família teve que fazer várias exumações, que chegaram a seis. A última exumação apresentava um crânio, sem o corte característico de autópsia e a família não aceitou os restos mortais, por desconfiar que seria mais um engano do Instituto Médico Legal de S. Paulo.
Em um de seus depoimentos à CPI realizada na Câmara Municipal de S. Paulo, Harry Shibata declarou que a descrição feita no laudo necroscópico de que houve corte de crânio, não corresponde à verdade, uma vez que essa descrição é apenas uma questão de praxe. Assim declarando, assumiu a farsa com que eram feitos os laudos.
Após serem identificados pela UNICAMP, seu restos mortais, finalmente, foram trasladados para o Rio de Janeiro no dia 11 de agosto de 1991.
De seu pai, o Tenente-Coronel da Reserva do Exército Brasileiro e professor de matemática, João Luiz de Morais:
“Sônia Maria Lopes de Moraes, minha filha, teve seu nome mudado após o seu casamento com Stuart Edgar Angel Jones, para Sônia Maria de Moraes Angel Jones. Ambos foram torturados e assassinados por agentes da repressão política, ele em 1971 e ela em 1973. Minha filha foi morta nas dependências do Exército Brasileiro, enquanto seu marido Stuart Edgar Angel Jones foi morto nas dependências da Aeronáutica do Brasil.Tenho conhecimento de que, nas dependências do DOI-CODI do I Exército, minha filha foi torturada durante 48 horas, culminando estas torturas com a introdução de um cassetete da Polícia do Exército em seus órgãos genitais, que provocou hemorragia interna.
Após estas torturas, minha filha foi conduzida para as dependências do DOI-CODI do II Exército, local em que novas torturas lhe foram aplicadas, inclusive com arrancamento de seus seios. Seu corpo ficou mutilado de tal forma, a ponto de um general em São Paulo ter ficado tão revoltado, tendo arrancado suas insígnias e as atirado sobre a mesa do Comandante do II Exército, tendo sido punido por esse ato. Procedi a várias investigações em São Paulo, visando a aferição desses fatos, inclusive tentando manter contato, porém sem êxito, com esse General, tendo tido notícia de que o mesmo sofrera derrame cerebral, estava passando mal e de que sua família se opunha a qualquer contato e a qualquer referência aos fatos relativos a Sônia Maria.
As informações sobre as torturas, o estupro, o arrancamento dos seios de Sônia Maria e os tiros, me foram prestadas pessoalmente pelo coronel Canrobert Lopes da Costa e pelo advogado Dr. José Luiz Sobral. Minha filha, em sua militância política, utilizava o nome de Esmeralda Siqueira Aguiar. Em 1° de dezembro de 1973, ao ler no Jornal “O Globo” vi uma notícia sobre Esmeralda Siqueira Aguiar. Viajei imediatamente em companhia de minha mulher Cléa, de minha cunhada Edy, de minha outra filha, Ângela, e de meu futuro genro, Sérgio, para a cidade de São Vicente, dirigindo-me diretamente para a Rua Saldanha da Gama, 163, apto. 301, local onde residia Sônia Maria. Ao chegar a esse local, à noite, encontrei-o ocupado por alguns homens, em torno de 5 (cinco) ao que me recordo, membros das Forças da Segurança. Ao me recusar entregar minha carteira de identidade, cheguei a ser agredido. Após ter sido agredido, ameaçado de ser atirado do 3°andar e de ser metralhado por esses homens, consegui comunicar-me com o superior-de-dia do II Exército, em São Paulo, quando então, após identificar-me como Tenente-Coronel, consegui deste uma determinação por telefone diretamente a um dos 5 membros das Forças da Segurança, que me libertassem, mediante o compromisso de dirigir-me para um hotel em São Paulo, onde fiquei juntamente com minha mulher à disposição do II Exército e no dia seguinte prestei depoimentos no DOI-CODI.
Durante esse depoimento, indaguei aos interrogadores a respeito do paradeiro do corpo de minha filha, sendo que um destes respondeu que o corpo só poderia ser visto com a autorização do Comandante do II Exército.
Na tarde desse mesmo dia, viajei para o Rio de Janeiro em companhia de minha mulher para conversar com meu amigo, General Décio Palmeiro Escobar, Chefe do Estado Maior do Exército, já falecido, o qual me deu uma carta para ser entregue ao General Humberto de Souza Mello, carta essa em que o General Décio pedia “ao ilustre companheiro e amigo” que me liberasse, assim como minha mulher, de São Paulo, pois necessitávamos permanecer no Rio, onde dirigíamos um Colégio, bem como fosse liberado o corpo de Sônia para um sepultamento cristão.
Regressando a São Paulo em companhia de minha mulher, no dia seguinte, dirigi-me ao Quartel do II Exército para entregar a mencionada carta, sendo certo que o General Humberto não quis receber-me, e a carta foi levada pelo então Coronel Hugo Flávio Lima da Rocha, que, ao voltar do gabinete do General, deu a seguinte resposta: “o General manda te dizer que, por causa desta carta, você está preso a partir deste momento” e, como seu velho companheiro de Realengo, faço questão de, pessoalmente, levá-lo para o Batalhão da Polícia do Exército. No Batalhão da Polícia do Exército, fiquei preso durante 4 (quatro) dias, vindo a ser liberado, sem maiores explicações mas com a recomendação de que “regressasse ao Rio, nada falasse, não pusesse advogado e aguardasse em casa o atestado de óbito de Sônia que seria remetido pelo II Exército e, quanto ao corpo, não poderia vê-lo pois havia sido sepultado”.
Somente decorridos muitos anos pude entender minha prisão, ou seja, naqueles dias Sônia Maria ainda estava viva e sendo torturada e, na medida em que era mantido preso, era possível evitar minha interferência, ao mesmo tempo que, com essa prisão, buscavam amedrontar toda a família.
Apesar do desespero, das ameaças e do conseqüente apavoramento, a família continuou insistindo em conhecer os detalhes sobre a morte de Sônia Maria e, nessa procura, o referido advogado, José Luiz Sobral, que se dizia amigo comum da família e do General Adir Fiúza de Castro, então Comandante do DOI-CODI do Rio de Janeiro, prontificou-se em obter esclarecimentos diretamente com esse General. O Dr. José Luiz Sobral, ao retornar das dependências do DOI-CODI do I Exército, claudicava um pouco, e insinuava ‘ter levado umas cassetadas’, trazendo-me um presente inusitado: um cassetete da Polícia do Exército, mandado pessoalmente pelo General Fiúza para a família, com a recomendação que não falasse mais sobre o assunto, pois ‘todos estavam falando demais’.
Na ocasião, a família guardou o cassetete sem lhe dar maior importância e só recentemente, há uns 2 (dois) anos, é que pude fazer a interligação dos acontecimentos, ou seja, conclui estarrecido que o verdadeiro significado desse presente é que o mesmo General Fiúza nos enviava, como advertência, o próprio instrumento que provocara a morte de Sônia Maria. Este cassetete se encontra em meu poder, podendo ser apresentado a qualquer tempo.
A partir da morte de Sônia, todo final de semestre, nas Declarações de Herdeiros que prestava ao Ministério do Exército, colocava Sônia Maria Lopes de Moraes como minha herdeira, assinalando sempre que ‘presumivelmente morta pelas Forças de Segurança do II Exército, deixo de apresentar a certidão de óbito porque não me foi fornecida ainda pelo II Exército, conforme prometido’. Essas declarações causavam mal-estar entre os militares, tendo sido aconselhado pelo chefe da pagadoria do Exército a requerer a certidão diretamente ao Comandante do II Exército. Apresentado o requerimento, em setembro de 1978, recebi uma correspondência onde o General Dilermando Gomes Monteiro, então Comandante do II Exército, afirmava que ‘não cabe ao II Exército fornecer o atestado solicitado. No Cartório de Registro Civil do 20° Sub Distrito - Jardim América/SP, foi registrado o óbito de Esmeralda Siqueira Aguiar, filha de Renato A. Aguiar e de Lucia Lima Aguiar. O requerente procure o Cartório em causa, se assim o desejar.’ O documento acrescentava, ainda, que ‘mandara retirar do Cartório referido, por pessoa indiscriminada, uma certidão de óbito registrada, que fora fornecida sem qualquer problema’. A referida correspondência, subscrita pelo Comandante do II Exército, foi o primeiro reconhecimento oficial da morte de Sônia Maria. Apesar de ter requerido o atestado de óbito em nome de Sônia Maria Lopes de Moraes, a resposta do Comandante do II Exército foi a entrega de uma certidão de óbito em nome de Esmeralda Siqueira Aguiar. Tempos depois da entrega desse atestado de óbito, tomei conhecimento de um outro documento, ‘Auto de Exibição e Apreensão’, datado de 30 de novembro de 1973, em cujo verso há uma nota do DOI-CODI do II Exército, onde, no final, consta um ‘em tempo: material encontrado em poder de Esmeralda Siqueira Aguiar, cujo nome verdadeiro é Sônia Maria Lopes de Moraes.
No Cemitério de Perus, consegui encontrar o registro de sepultamento de Esmeralda Siqueira Aguiar, na Quadra 7, Gleba 2, Terreno 486, com algumas rasuras, em datas principalmente. Nessa oportunidade, os ossos de Sônia não podiam ser exumados porque estava sepultado na parte de cima um outro cadáver. Tivemos que aguardar ainda 3 (três) anos para a pretendida exumação, ocorrida em 16 de maio de 1981. Nessa ocasião reclamei das divergências existentes entre o que constava do laudo assinado pelos legistas Harry Shibata e Antônio Valentine e a realidade da ossada retirada, pois, ao contrário do que constava nesse laudo, o crânio que seria o de Sônia não apresentava nenhum orifício de entrada ou saída de projétil de arma de fogo e estava inteiro. Apesar dessas discrepâncias, levamos os ossos para o Rio de Janeiro, sepultando-os no Cemitério Jardim da Saudade, mais precisamente no Lote 18874, Espaço B, Setor IV, e, durante um ano, todos os sábados, juntamente com minha mulher, ia ao Cemitério e levava flores em homenagem a minha filha.
Além da ação proposta na I Vara de Registros Públicos para retificação de identidade, intentamos outra na Auditoria Militar de São Paulo, pleiteando a abertura de IPM para averiguar as verdadeiras causas da morte de minha filha, bem como a falsidade da certidão e laudo assinados por Harry Shibata e Antonio Valentine. Esse processo, na Auditoria Militar, teve seu curso normal até que o Comandante da II Região Militar, General Alvir Souto se negou a cumprir determinação do Juiz para a abertura de IPM, alegando insuficiência de provas.
Nessa ocasião a Juíza Dra. Sheila de Albuquerque Bierrembach determinou a exumação dos restos mortais sepultados no Cemitério Jardim da Saudade, bem como o seu exame pelo IML do Rio de Janeiro, constatando esse Instituto que aquela ossada não pertencia a Sônia, mas sim a um homem, negro, de aproximadamente 33 anos de idade.
Diante do estranho resultado dessa última exumação, a mesma Juíza Sheila Bierrenbach determinou que se fizessem, no Cemitério de Perus, tantas exumações quantas fossem necessárias até serem encontrados os restos mortais de Sônia Maria. Nessa busca, participei juntamente com minha mulher, familiares e amigos ainda de mais 4 exumações nesse mesmo Cemitério de Perus. Terminada a última dessas exumações foi encontrada uma ossada, que poderia ser a de Sônia. Porém, o crânio encontrado também não estava seccionado e os orifícios de entrada e saída de projéteis não coincidiam inteiramente com o laudo. Não tínhamos então a ficha dentária de Sônia, que havia sido perdida por seu dentista no Rio de Janeiro, Dr. Lauro Sued. Não tínhamos elementos de convicção para aceitar aqueles restos mortais como sendo os de Sônia e, por isso, tentamos impugnar as conclusões do IML de São Paulo, apresentando 11 quesitos e 10 fotografias do crânio de Sônia quando esta tinha 11 anos de idade. A juíza, Dra. Sheila, finalmente, aceitou a conclusão do IML de São Paulo, no sentido de que aqueles eram, oficialmente, os restos mortais de Sônia Maria de Moraes Angel Jones.”
Fonte: http://www.torturanuncamais-rj.org.br/MDDetalhes.asp?CodMortosDesaparecidos=167
Militante da AÇÃO LIBERTADORA NACIONAL (ALN).
Nasceu em 9 de novembro de 1946, em Santiago do Boqueirão, Estado do Rio Grande do Sul, filha de João Luiz Moraes e Cléa Lopes de Moraes.
Foi morta aos 27 anos em 1973, em São Paulo.
Estudou no colégio de Aplicação da antiga Faculdade Nacional de Filosofia e, posteriormente, na Faculdade de Economia e Administração da UFRJ, mas não chegou a se formar, sendo desligada pelo Decreto nº477, de 24 de setembro de 1969.
No Rio, trabalhava como professora de Português no Curso Goiás.
Casou-se, em 18 de agosto de 1968, com Stuart Edgar Angel Jones, militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8).
Em 1° de Maio de 1969, foi presa por ocasião das manifestações de rua na Praça Tiradentes/RJ com mais três estudantes, levada para o DOPS e, posteriormente, para o Presídio Feminino São Judas Tadeu. Somente foi libertada em 6 de agosto de 1969, quando foi julgada e absolvida por unanimidade pelo Superior Tribunal Militar. Passou a viver na clandestinidade.
Em maio de 1970 exilou-se na França, onde se matriculou na Universidade de Vincennes e, para se sustentar, trabalhou na Escola de Línguas Berlitz, em Paris, onde lecionava Português.
Com a prisão e desaparecimento de Stuart pelos órgãos brasileiros de repressão política, Sônia decidiu voltar ao Brasil para retomar a luta de resistência. Ingressou na ALN e viajou para o Chile, onde trabalhava como fotógrafa. Posteriormente, em maio de 1973, retornou clandestinamente ao Brasil, indo morar em São Paulo. Em 15 de novembro de 1973 alugou um apartamento em São Vicente, junto com Antônio Carlos Bicalho Lana, com quem se unira. Seu apartamento passou a ser vigiado, sendo presa, juntamente com Antônio Carlos, no mesmo mês, por agentes do DOI-CODI/SP, tendo o II Exército divulgado a notícia de que morrera, após combate, a caminho do hospital (O globo 1º de dezembro de 1973).
Foi assassinada sob torturas no dia 30 de novembro de 1973, juntamente com Antônio Carlos Bicalho Lana.
A autópsia assinada pelos legistas Harry Shibata e Antônio Valentine, apenas descreve as perfurações das balas, sem nada mencionar das torturas sofridas. Afirmam que o crânio sofreu corte característico da autópsia e que examinaram detidamente o corpo.
Durante quase vinte anos a família investigou os fatos relacionados à prisão, tortura e assassinato de Sônia e Antônio Carlos.
Como resultado dessas investigações, a família produziu o vídeo “Sônia Morta e Viva”, dirigido por Sérgio Waismann.
A prisão do casal, em São Vicente, foi detalhadamente planejada, como constatou sua família, durante as investigações junto aos empregados do prédio em que Sônia e Antônio Carlos moravam. Ela costumava, assim que se mudou, tomar banho de sol numa prainha ligada ao prédio e, desde então era observada de um prédio próximo por agentes policiais, através de uma luneta. Dias depois, os mesmos agentes comunicaram aos empregados do prédio que moravam ali dois terroristas muito perigosos e para justificar tal afirmativa “empregaram-se” como funcionários do prédio e passaram a observá-los mais de perto. Certa manhã, bem cedo, quando Antônio Carlos e Sônia pegaram o ônibus da Empresa Zefir, já havia dentro do ônibus alguns agentes, inclusive uma senhora vestida de vermelho. Ao mesmo tempo, nas imediações da agência do Canal 1, São Vicente, já se encontravam vários agentes à espera de que um deles, pelo menos, descesse para adquirir passagens, pois as mesmas não eram vendidas no ônibus. Até hoje, a família não pôde precisar o dia exato da prisão, possivelmente num sábado, depois do dia 15 de novembro, fato este testemunhado por Celso Pimenta, motorista do ônibus, e Ozéas de Oliveira, vendedor de bilhetes, ambos da Agência Zefir.
Existem duas versões a respeito da prisão, tortura e assassinato de Sônia e Antônio Carlos.
A versão do primo do pai de Sônia, coronel Canrobert Lopes da Costa, ex-comandante do DOI-CODI de Brasília, amigo pessoal do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, comandante do DOI-CODI de São Paulo: depois de presa, do DOI-CODI de São Paulo foi mandada para o DOI-CODI do Rio de Janeiro, onde foi torturada, estuprada com um cassetete e mandada de volta a São Paulo, já exangüe, onde recebeu dois tiros.
A versão do Sargento Marival Chaves, membro deo DOI-CODI/SP: Sônia e Antônio Carlos foram presos e levados para uma casa de tortura na Zona Sul de São Paulo onde ficaram de cinco a dez dias, até morrerem, dia 30 de novembro de 73 e foram colocados, no mesmo dia, à porta do DOI-CODI/SP, para servir de exemplo. Ao mesmo tempo, foi montado um “teatrinho” – termo usado pelo sargento – para justificar a versão oficial de que foram mortos em conseqüência de tiroteio, no mesmo dia 30 (metralharam com tiros de festim um casal e os colocaram imediatamente num carro).
Versão oficial publicada dia 1° de dezembro de 1973 em dois jornais: “O Globo” e “O Estado de São Paulo”: Morte de Sônia e Antônio Carlos, a caminho do Hospital, após tiroteio em confronto com os agentes de segurança, na Avenida de Pinedo, no Bairro de Santo Amaro, cidade de São Paulo, altura do n° 836, às 15 horas.
No arquivo do antigo DOPS/SP foi encontrado um documento da Polícia Civil de São Paulo-Divisão de Informações CPI/DOPS/SP que diz: “Consta arquivado nesta divisão uma cópia xerográfica do Laudo de Exame Necroscópico referente à epigrafada com data de 20 de novembro de 1973.” (Teve o laudo assinado antes de morrer?).
Apesar de haverem identificado Sônia Maria, os seus assassinos enterraram-na, como indigente, no Cemitério Dom Bosco, em Perús, sob o nome de Esmeralda Siqueira Aguiar. A troca proposital do nome de Sônia, demonstra a clara tentativa dos órgãos de repressão em esconder seu cadáver. A família de Sônia conseguiu obter através de processo de número 1483/79 na 1ª Vara Civil de São Paulo, a correção de identidade e retificação do Registro de Óbito.
Oficialmente morta, a família pôde transladar seus restos mortais para o Rio de Janeiro, em 1981.
Em 1982, na tentativa de apuração das reais circunstâncias da morte de Sônia, através de processo movido contra Harry Shibata, médico do IML/SP que atesta sua morte (inclusive assinando o atestado de óbito sob o nome falso e o laudo com nome verdadeiro), o IML/RJ constatou que os ossos entregues à família, enterrados no Rio de Janeiro, eram de um homem.
Para sepultar dignamente os restos mortais de Sônia, a família teve que fazer várias exumações, que chegaram a seis. A última exumação apresentava um crânio, sem o corte característico de autópsia e a família não aceitou os restos mortais, por desconfiar que seria mais um engano do Instituto Médico Legal de S. Paulo.
Em um de seus depoimentos à CPI realizada na Câmara Municipal de S. Paulo, Harry Shibata declarou que a descrição feita no laudo necroscópico de que houve corte de crânio, não corresponde à verdade, uma vez que essa descrição é apenas uma questão de praxe. Assim declarando, assumiu a farsa com que eram feitos os laudos.
Após serem identificados pela UNICAMP, seu restos mortais, finalmente, foram trasladados para o Rio de Janeiro no dia 11 de agosto de 1991.
De seu pai, o Tenente-Coronel da Reserva do Exército Brasileiro e professor de matemática, João Luiz de Morais:
“Sônia Maria Lopes de Moraes, minha filha, teve seu nome mudado após o seu casamento com Stuart Edgar Angel Jones, para Sônia Maria de Moraes Angel Jones. Ambos foram torturados e assassinados por agentes da repressão política, ele em 1971 e ela em 1973. Minha filha foi morta nas dependências do Exército Brasileiro, enquanto seu marido Stuart Edgar Angel Jones foi morto nas dependências da Aeronáutica do Brasil.Tenho conhecimento de que, nas dependências do DOI-CODI do I Exército, minha filha foi torturada durante 48 horas, culminando estas torturas com a introdução de um cassetete da Polícia do Exército em seus órgãos genitais, que provocou hemorragia interna.
Após estas torturas, minha filha foi conduzida para as dependências do DOI-CODI do II Exército, local em que novas torturas lhe foram aplicadas, inclusive com arrancamento de seus seios. Seu corpo ficou mutilado de tal forma, a ponto de um general em São Paulo ter ficado tão revoltado, tendo arrancado suas insígnias e as atirado sobre a mesa do Comandante do II Exército, tendo sido punido por esse ato. Procedi a várias investigações em São Paulo, visando a aferição desses fatos, inclusive tentando manter contato, porém sem êxito, com esse General, tendo tido notícia de que o mesmo sofrera derrame cerebral, estava passando mal e de que sua família se opunha a qualquer contato e a qualquer referência aos fatos relativos a Sônia Maria.
As informações sobre as torturas, o estupro, o arrancamento dos seios de Sônia Maria e os tiros, me foram prestadas pessoalmente pelo coronel Canrobert Lopes da Costa e pelo advogado Dr. José Luiz Sobral. Minha filha, em sua militância política, utilizava o nome de Esmeralda Siqueira Aguiar. Em 1° de dezembro de 1973, ao ler no Jornal “O Globo” vi uma notícia sobre Esmeralda Siqueira Aguiar. Viajei imediatamente em companhia de minha mulher Cléa, de minha cunhada Edy, de minha outra filha, Ângela, e de meu futuro genro, Sérgio, para a cidade de São Vicente, dirigindo-me diretamente para a Rua Saldanha da Gama, 163, apto. 301, local onde residia Sônia Maria. Ao chegar a esse local, à noite, encontrei-o ocupado por alguns homens, em torno de 5 (cinco) ao que me recordo, membros das Forças da Segurança. Ao me recusar entregar minha carteira de identidade, cheguei a ser agredido. Após ter sido agredido, ameaçado de ser atirado do 3°andar e de ser metralhado por esses homens, consegui comunicar-me com o superior-de-dia do II Exército, em São Paulo, quando então, após identificar-me como Tenente-Coronel, consegui deste uma determinação por telefone diretamente a um dos 5 membros das Forças da Segurança, que me libertassem, mediante o compromisso de dirigir-me para um hotel em São Paulo, onde fiquei juntamente com minha mulher à disposição do II Exército e no dia seguinte prestei depoimentos no DOI-CODI.
Durante esse depoimento, indaguei aos interrogadores a respeito do paradeiro do corpo de minha filha, sendo que um destes respondeu que o corpo só poderia ser visto com a autorização do Comandante do II Exército.
Na tarde desse mesmo dia, viajei para o Rio de Janeiro em companhia de minha mulher para conversar com meu amigo, General Décio Palmeiro Escobar, Chefe do Estado Maior do Exército, já falecido, o qual me deu uma carta para ser entregue ao General Humberto de Souza Mello, carta essa em que o General Décio pedia “ao ilustre companheiro e amigo” que me liberasse, assim como minha mulher, de São Paulo, pois necessitávamos permanecer no Rio, onde dirigíamos um Colégio, bem como fosse liberado o corpo de Sônia para um sepultamento cristão.
Regressando a São Paulo em companhia de minha mulher, no dia seguinte, dirigi-me ao Quartel do II Exército para entregar a mencionada carta, sendo certo que o General Humberto não quis receber-me, e a carta foi levada pelo então Coronel Hugo Flávio Lima da Rocha, que, ao voltar do gabinete do General, deu a seguinte resposta: “o General manda te dizer que, por causa desta carta, você está preso a partir deste momento” e, como seu velho companheiro de Realengo, faço questão de, pessoalmente, levá-lo para o Batalhão da Polícia do Exército. No Batalhão da Polícia do Exército, fiquei preso durante 4 (quatro) dias, vindo a ser liberado, sem maiores explicações mas com a recomendação de que “regressasse ao Rio, nada falasse, não pusesse advogado e aguardasse em casa o atestado de óbito de Sônia que seria remetido pelo II Exército e, quanto ao corpo, não poderia vê-lo pois havia sido sepultado”.
Somente decorridos muitos anos pude entender minha prisão, ou seja, naqueles dias Sônia Maria ainda estava viva e sendo torturada e, na medida em que era mantido preso, era possível evitar minha interferência, ao mesmo tempo que, com essa prisão, buscavam amedrontar toda a família.
Apesar do desespero, das ameaças e do conseqüente apavoramento, a família continuou insistindo em conhecer os detalhes sobre a morte de Sônia Maria e, nessa procura, o referido advogado, José Luiz Sobral, que se dizia amigo comum da família e do General Adir Fiúza de Castro, então Comandante do DOI-CODI do Rio de Janeiro, prontificou-se em obter esclarecimentos diretamente com esse General. O Dr. José Luiz Sobral, ao retornar das dependências do DOI-CODI do I Exército, claudicava um pouco, e insinuava ‘ter levado umas cassetadas’, trazendo-me um presente inusitado: um cassetete da Polícia do Exército, mandado pessoalmente pelo General Fiúza para a família, com a recomendação que não falasse mais sobre o assunto, pois ‘todos estavam falando demais’.
Na ocasião, a família guardou o cassetete sem lhe dar maior importância e só recentemente, há uns 2 (dois) anos, é que pude fazer a interligação dos acontecimentos, ou seja, conclui estarrecido que o verdadeiro significado desse presente é que o mesmo General Fiúza nos enviava, como advertência, o próprio instrumento que provocara a morte de Sônia Maria. Este cassetete se encontra em meu poder, podendo ser apresentado a qualquer tempo.
A partir da morte de Sônia, todo final de semestre, nas Declarações de Herdeiros que prestava ao Ministério do Exército, colocava Sônia Maria Lopes de Moraes como minha herdeira, assinalando sempre que ‘presumivelmente morta pelas Forças de Segurança do II Exército, deixo de apresentar a certidão de óbito porque não me foi fornecida ainda pelo II Exército, conforme prometido’. Essas declarações causavam mal-estar entre os militares, tendo sido aconselhado pelo chefe da pagadoria do Exército a requerer a certidão diretamente ao Comandante do II Exército. Apresentado o requerimento, em setembro de 1978, recebi uma correspondência onde o General Dilermando Gomes Monteiro, então Comandante do II Exército, afirmava que ‘não cabe ao II Exército fornecer o atestado solicitado. No Cartório de Registro Civil do 20° Sub Distrito - Jardim América/SP, foi registrado o óbito de Esmeralda Siqueira Aguiar, filha de Renato A. Aguiar e de Lucia Lima Aguiar. O requerente procure o Cartório em causa, se assim o desejar.’ O documento acrescentava, ainda, que ‘mandara retirar do Cartório referido, por pessoa indiscriminada, uma certidão de óbito registrada, que fora fornecida sem qualquer problema’. A referida correspondência, subscrita pelo Comandante do II Exército, foi o primeiro reconhecimento oficial da morte de Sônia Maria. Apesar de ter requerido o atestado de óbito em nome de Sônia Maria Lopes de Moraes, a resposta do Comandante do II Exército foi a entrega de uma certidão de óbito em nome de Esmeralda Siqueira Aguiar. Tempos depois da entrega desse atestado de óbito, tomei conhecimento de um outro documento, ‘Auto de Exibição e Apreensão’, datado de 30 de novembro de 1973, em cujo verso há uma nota do DOI-CODI do II Exército, onde, no final, consta um ‘em tempo: material encontrado em poder de Esmeralda Siqueira Aguiar, cujo nome verdadeiro é Sônia Maria Lopes de Moraes.
No Cemitério de Perus, consegui encontrar o registro de sepultamento de Esmeralda Siqueira Aguiar, na Quadra 7, Gleba 2, Terreno 486, com algumas rasuras, em datas principalmente. Nessa oportunidade, os ossos de Sônia não podiam ser exumados porque estava sepultado na parte de cima um outro cadáver. Tivemos que aguardar ainda 3 (três) anos para a pretendida exumação, ocorrida em 16 de maio de 1981. Nessa ocasião reclamei das divergências existentes entre o que constava do laudo assinado pelos legistas Harry Shibata e Antônio Valentine e a realidade da ossada retirada, pois, ao contrário do que constava nesse laudo, o crânio que seria o de Sônia não apresentava nenhum orifício de entrada ou saída de projétil de arma de fogo e estava inteiro. Apesar dessas discrepâncias, levamos os ossos para o Rio de Janeiro, sepultando-os no Cemitério Jardim da Saudade, mais precisamente no Lote 18874, Espaço B, Setor IV, e, durante um ano, todos os sábados, juntamente com minha mulher, ia ao Cemitério e levava flores em homenagem a minha filha.
Além da ação proposta na I Vara de Registros Públicos para retificação de identidade, intentamos outra na Auditoria Militar de São Paulo, pleiteando a abertura de IPM para averiguar as verdadeiras causas da morte de minha filha, bem como a falsidade da certidão e laudo assinados por Harry Shibata e Antonio Valentine. Esse processo, na Auditoria Militar, teve seu curso normal até que o Comandante da II Região Militar, General Alvir Souto se negou a cumprir determinação do Juiz para a abertura de IPM, alegando insuficiência de provas.
Nessa ocasião a Juíza Dra. Sheila de Albuquerque Bierrembach determinou a exumação dos restos mortais sepultados no Cemitério Jardim da Saudade, bem como o seu exame pelo IML do Rio de Janeiro, constatando esse Instituto que aquela ossada não pertencia a Sônia, mas sim a um homem, negro, de aproximadamente 33 anos de idade.
Diante do estranho resultado dessa última exumação, a mesma Juíza Sheila Bierrenbach determinou que se fizessem, no Cemitério de Perus, tantas exumações quantas fossem necessárias até serem encontrados os restos mortais de Sônia Maria. Nessa busca, participei juntamente com minha mulher, familiares e amigos ainda de mais 4 exumações nesse mesmo Cemitério de Perus. Terminada a última dessas exumações foi encontrada uma ossada, que poderia ser a de Sônia. Porém, o crânio encontrado também não estava seccionado e os orifícios de entrada e saída de projéteis não coincidiam inteiramente com o laudo. Não tínhamos então a ficha dentária de Sônia, que havia sido perdida por seu dentista no Rio de Janeiro, Dr. Lauro Sued. Não tínhamos elementos de convicção para aceitar aqueles restos mortais como sendo os de Sônia e, por isso, tentamos impugnar as conclusões do IML de São Paulo, apresentando 11 quesitos e 10 fotografias do crânio de Sônia quando esta tinha 11 anos de idade. A juíza, Dra. Sheila, finalmente, aceitou a conclusão do IML de São Paulo, no sentido de que aqueles eram, oficialmente, os restos mortais de Sônia Maria de Moraes Angel Jones.”
Fonte: http://www.torturanuncamais-rj.org.br/MDDetalhes.asp?CodMortosDesaparecidos=167
A miséria moral de ex-esquerdistas
Emir Sader escreve:
Alguns sentem satisfação quando alguém que foi de esquerda salta o muro, muda de campo e se torna de direita – como se dissessem: “Eu sabia, você nunca me enganou”, etc., etc. Outros sentem tristeza, pelo triste espetáculo de quem joga fora, com os valores, sua própria dignidade – em troca de um emprego, de um reconhecimento, de um espaçozinho na televisão.
O certo é que nos acostumamos a que grande parte dos direitistas de hoje tenham sido de esquerda ontem. O caminho inverso é muito menos comum. A direita sabe recompensar os que aderem a seus ideais – e salários. A adesão à esquerda costuma ser pelo convencimento dos seus ideais.
O ex-esquerdista ataca com especial fúria a esquerda, como quem ataca a si mesmo, a seu próprio passado. Não apenas renega as idéias que nortearam – às vezes o melhor período da sua vida -, mas precisa mostrar, o tempo todo, à direita e a todos os seus poderes, que odeia de tal maneira a esquerda, que já nunca mais recairá naquele “veneno” que o tinha viciado. Que agora podem contar com ele, na primeira fila, para combater o que ele foi, com um empenho de quem “conheceu o monstro por dentro”, sabe seu efeito corrosivo e se mostra combatente extremista contra a esquerda.
Não discute as idéias que teve ou as que outros têm. Não basta. Senão seria tratar interpretações possíveis, às quais aderiu e já não adere. Não. Precisa chamar a atenção dos incautos sobre a dependência que geram a “dialética”, a “luta de classes”, a promessa de uma “sociedade de igualdade, sem classes e sem Estado”. Denunciar, denunciar qualquer indicio de que o vício pode voltar, que qualquer vacilação em relação a temas aparentemente ingênuos, banais, corriqueiros, como as políticas de cotas nas universidades, uma política habitacional, o apoio a um presidente legalmente eleito de um país, podem esconder o veneno da víbora do “socialismo”, do “totalitarismo”, do “stalinismo”.
Viraram pobres diabos, que vagam pelos espaços que os Marinhos, os Civitas, os Frias, os Mesquitas lhes emprestam, para exibir seu passado de pecado, de devassidão moral, agora superado pela conduta de vigilantes escoteiros da direita. A redação de jornais, revistas, rádios e televisões está cheia de ex-trotskistas, de ex-comunistas, de ex-socialistas, de ex-esquerdistas arrependidos, usufruindo de espaços e salários, mostrando reiteradamente seu arrependimento, em um espetáculo moral deprimente.
Aderem à direita com a fúria dos desesperados, dos que defendem teses mais que nunca superadas, derrotadas, e daí o desespero. Atacam o governo Lula, o PT, como se fossem a reencarnação do bolchevismo, descobrem em cada ação estatal o “totalitarismo”, em cada política social a “mão corruptora do Estado”, do “chavismo”, do “populismo”.
Vagam, de entrevista a artigo, de blog à mesa redonda, expiando seu passado, aderidos com o mesmo ímpeto que um dia tiveram para atacar o capitalismo, agora para defender a “democracia” contra os seus detratores. Escrevem livros de denúncia, com suposto tempero acadêmico, em editoras de direita, gritam aos quatro ventos que o “perigo comunista” – sem o qual não seriam nada – está vivo, escondido detrás do PAC, do Minha casa, minha vida, da Conferência Nacional de Comunicação, da Dilma – “uma vez terrorista, sempre terrorista”.
Merecem nosso desprezo, nem sequer nossa comiseração, porque sabem o que fazem – e os salários no fim do mês não nos deixam mentir, alimentam suas mentiras – e ganham com isso. Saíram das bibliotecas, das salas de aula, das manifestações e panfletagens, para espaços na mídia, para abraços da direita, de empresários, de próceres da ditadura.
Vagam como almas penadas em órgãos de imprensa que se esfarelam, que vivem seus últimos sopros de vida, com os quais serão enterrados, sem pena, nem glória, esquecidos como serviçais do poder, a que foram reduzidos por sua subserviência aos que crêem que ainda mandam e seguirão mandado no mundo contra o qual, um dia, se rebelaram e pelo que agora pagam rastejando junto ao que de pior possui uma elite decadente e em vésperas de ser derrotada por muito tempo. Morrerão com ela, destino que escolheram em troca de pequenas glórias efêmeras e de uns tostões furados pela sua miséria moral. O povo nem sabe que existiram, embora participe ativamente do seu enterro.
Fonte: http://www.cartamaior.com.br
Alguns sentem satisfação quando alguém que foi de esquerda salta o muro, muda de campo e se torna de direita – como se dissessem: “Eu sabia, você nunca me enganou”, etc., etc. Outros sentem tristeza, pelo triste espetáculo de quem joga fora, com os valores, sua própria dignidade – em troca de um emprego, de um reconhecimento, de um espaçozinho na televisão.
O certo é que nos acostumamos a que grande parte dos direitistas de hoje tenham sido de esquerda ontem. O caminho inverso é muito menos comum. A direita sabe recompensar os que aderem a seus ideais – e salários. A adesão à esquerda costuma ser pelo convencimento dos seus ideais.
O ex-esquerdista ataca com especial fúria a esquerda, como quem ataca a si mesmo, a seu próprio passado. Não apenas renega as idéias que nortearam – às vezes o melhor período da sua vida -, mas precisa mostrar, o tempo todo, à direita e a todos os seus poderes, que odeia de tal maneira a esquerda, que já nunca mais recairá naquele “veneno” que o tinha viciado. Que agora podem contar com ele, na primeira fila, para combater o que ele foi, com um empenho de quem “conheceu o monstro por dentro”, sabe seu efeito corrosivo e se mostra combatente extremista contra a esquerda.
Não discute as idéias que teve ou as que outros têm. Não basta. Senão seria tratar interpretações possíveis, às quais aderiu e já não adere. Não. Precisa chamar a atenção dos incautos sobre a dependência que geram a “dialética”, a “luta de classes”, a promessa de uma “sociedade de igualdade, sem classes e sem Estado”. Denunciar, denunciar qualquer indicio de que o vício pode voltar, que qualquer vacilação em relação a temas aparentemente ingênuos, banais, corriqueiros, como as políticas de cotas nas universidades, uma política habitacional, o apoio a um presidente legalmente eleito de um país, podem esconder o veneno da víbora do “socialismo”, do “totalitarismo”, do “stalinismo”.
Viraram pobres diabos, que vagam pelos espaços que os Marinhos, os Civitas, os Frias, os Mesquitas lhes emprestam, para exibir seu passado de pecado, de devassidão moral, agora superado pela conduta de vigilantes escoteiros da direita. A redação de jornais, revistas, rádios e televisões está cheia de ex-trotskistas, de ex-comunistas, de ex-socialistas, de ex-esquerdistas arrependidos, usufruindo de espaços e salários, mostrando reiteradamente seu arrependimento, em um espetáculo moral deprimente.
Aderem à direita com a fúria dos desesperados, dos que defendem teses mais que nunca superadas, derrotadas, e daí o desespero. Atacam o governo Lula, o PT, como se fossem a reencarnação do bolchevismo, descobrem em cada ação estatal o “totalitarismo”, em cada política social a “mão corruptora do Estado”, do “chavismo”, do “populismo”.
Vagam, de entrevista a artigo, de blog à mesa redonda, expiando seu passado, aderidos com o mesmo ímpeto que um dia tiveram para atacar o capitalismo, agora para defender a “democracia” contra os seus detratores. Escrevem livros de denúncia, com suposto tempero acadêmico, em editoras de direita, gritam aos quatro ventos que o “perigo comunista” – sem o qual não seriam nada – está vivo, escondido detrás do PAC, do Minha casa, minha vida, da Conferência Nacional de Comunicação, da Dilma – “uma vez terrorista, sempre terrorista”.
Merecem nosso desprezo, nem sequer nossa comiseração, porque sabem o que fazem – e os salários no fim do mês não nos deixam mentir, alimentam suas mentiras – e ganham com isso. Saíram das bibliotecas, das salas de aula, das manifestações e panfletagens, para espaços na mídia, para abraços da direita, de empresários, de próceres da ditadura.
Vagam como almas penadas em órgãos de imprensa que se esfarelam, que vivem seus últimos sopros de vida, com os quais serão enterrados, sem pena, nem glória, esquecidos como serviçais do poder, a que foram reduzidos por sua subserviência aos que crêem que ainda mandam e seguirão mandado no mundo contra o qual, um dia, se rebelaram e pelo que agora pagam rastejando junto ao que de pior possui uma elite decadente e em vésperas de ser derrotada por muito tempo. Morrerão com ela, destino que escolheram em troca de pequenas glórias efêmeras e de uns tostões furados pela sua miséria moral. O povo nem sabe que existiram, embora participe ativamente do seu enterro.
Fonte: http://www.cartamaior.com.br
O mediador global
Por Paulo Sant’ana
A gente lê e não acredita: o presidente Lula está em Israel para mediar a crise entre palestinos e israelenses.
E é encarado tanto pelo governo de Israel quanto pela França, os Estados Unidos e a Rússia como importante mediador global e ensarilhador de tensões.
Está agora em Israel Lula, pronto para conversar também com os palestinos e tentar um acordo entre os dois povos.
E, no dia 15 de maio próximo, Lula estará em Teerã, tentando ser um pacificador da questão nuclear e amenizador das sanções que as nações ocidentais estão impondo ao Irã pela ameaça de enriquecimento de urânio naquele país, um explosivo incidente que pode levar à guerra, conhecendo-se a intenção de Israel de bombardear o Irã no caso de que surjam vestígios nítidos de que Teerã esteja cultivando uma bomba nuclear.
A questão no Oriente Médio é tão intrincada e falecem tanto as soluções, que os políticos e governantes das nações em litígio, assim como as nações mais poderosas do mundo, aceitam mediação vinda de onde venha. Ainda mais uma mediação com autoridade neutral, que parece ser o caso do Brasil, que não foi potência imperialista no Oriente Médio, caso da Grã-Bretanha e da França. E é importante também, para a condição de mediador autorizado que Lula ostenta, que o Brasil é um país cuja Constituição o proíbe de desenvolver armas atômicas, o que o credencia para negociar acordo entre as potências nucleares e o emergente e assanhado Irã.
Lula percebeu esse vazio e se coloca à disposição dos litigantes para mediá-los.
E chama a atenção a importância que todos emprestam à figura de Lula como apaziguador de seus conflitos.
A impressão que se tem desses fatos é de que Lula é muito mais respeitado no Exterior do que aqui no Brasil.
Chega a ser emocionante ver como o Brasil é encarado com respeito pela comunidade internacional. Fato novo, criado pelo governo Lula. E especialmente criado pela figura simpática do presidente brasileiro.
A um desavisado aqui no Brasil, poderia ocorrer que a participação de Lula nas mediações desses importantes conflitos internacionais, os mais importantes em todo o cenário mundial, seria meramente folclórica.
Nada disso, a mediação do presidente Lula é ansiada pelos governantes e políticos das nações litigantes, transmitindo alguns deles até mesmo a opinião de que a intervenção de Lula nesses assuntos pode ser providencial para sua solução.
É espantosa essa saliência de Lula e do Brasil no cenário das relações internacionais. Nunca, sob qualquer governo, o Brasil teve essa notoriedade e destaque.
E de nós, brasileiros, é maior ainda o espanto: como pôde um ex-retirante de pau de arara, metalúrgico de dedo decepado de uma fábrica do ABC, líder de greves no período militar, sem luzes e cultura, ter chegado a esse ponto em que ameaça deixar o governo que está no fim, com a imagem de um estadista?
E estadista internacional.
Está aí o típico exemplo de um homem que deu e emprestou importância ao seu cargo.
Fonte: Jornal Zero Hora de 15/03/2010
A gente lê e não acredita: o presidente Lula está em Israel para mediar a crise entre palestinos e israelenses.
E é encarado tanto pelo governo de Israel quanto pela França, os Estados Unidos e a Rússia como importante mediador global e ensarilhador de tensões.
Está agora em Israel Lula, pronto para conversar também com os palestinos e tentar um acordo entre os dois povos.
E, no dia 15 de maio próximo, Lula estará em Teerã, tentando ser um pacificador da questão nuclear e amenizador das sanções que as nações ocidentais estão impondo ao Irã pela ameaça de enriquecimento de urânio naquele país, um explosivo incidente que pode levar à guerra, conhecendo-se a intenção de Israel de bombardear o Irã no caso de que surjam vestígios nítidos de que Teerã esteja cultivando uma bomba nuclear.
A questão no Oriente Médio é tão intrincada e falecem tanto as soluções, que os políticos e governantes das nações em litígio, assim como as nações mais poderosas do mundo, aceitam mediação vinda de onde venha. Ainda mais uma mediação com autoridade neutral, que parece ser o caso do Brasil, que não foi potência imperialista no Oriente Médio, caso da Grã-Bretanha e da França. E é importante também, para a condição de mediador autorizado que Lula ostenta, que o Brasil é um país cuja Constituição o proíbe de desenvolver armas atômicas, o que o credencia para negociar acordo entre as potências nucleares e o emergente e assanhado Irã.
Lula percebeu esse vazio e se coloca à disposição dos litigantes para mediá-los.
E chama a atenção a importância que todos emprestam à figura de Lula como apaziguador de seus conflitos.
A impressão que se tem desses fatos é de que Lula é muito mais respeitado no Exterior do que aqui no Brasil.
Chega a ser emocionante ver como o Brasil é encarado com respeito pela comunidade internacional. Fato novo, criado pelo governo Lula. E especialmente criado pela figura simpática do presidente brasileiro.
A um desavisado aqui no Brasil, poderia ocorrer que a participação de Lula nas mediações desses importantes conflitos internacionais, os mais importantes em todo o cenário mundial, seria meramente folclórica.
Nada disso, a mediação do presidente Lula é ansiada pelos governantes e políticos das nações litigantes, transmitindo alguns deles até mesmo a opinião de que a intervenção de Lula nesses assuntos pode ser providencial para sua solução.
É espantosa essa saliência de Lula e do Brasil no cenário das relações internacionais. Nunca, sob qualquer governo, o Brasil teve essa notoriedade e destaque.
E de nós, brasileiros, é maior ainda o espanto: como pôde um ex-retirante de pau de arara, metalúrgico de dedo decepado de uma fábrica do ABC, líder de greves no período militar, sem luzes e cultura, ter chegado a esse ponto em que ameaça deixar o governo que está no fim, com a imagem de um estadista?
E estadista internacional.
Está aí o típico exemplo de um homem que deu e emprestou importância ao seu cargo.
Fonte: Jornal Zero Hora de 15/03/2010
Por que Miriam Leitão é minha jornalista preferida
Por Arthur Peres
Amigos da CBN, confesso que durante os últimos anos aprendi muito comela. Não perco seus comentários políticos e econômicos, seja na TV, naCBN e eventualmente em jornais. Presto muito atenção em suas análisesno Bom Dia Brasil, no bate-papo com o Heródoto, com o Sardemberg eoutras aparições dela na Rede Globo. Refiro-me à jornalista Miriam Leitão. Lembro de alguns ensinamentos:entre 2003 e 2006, inúmeras vezes na TV ou na CBN ela criticou ocrescimento do Brasil quando comparado ao de países ricos. Afirmavaque o país não poderia continuar assim. Atônito, observei que o Brasilcresce sem parar há quase 8 anos. Criticava o alto desemprego edurante os últimos sete anos o Brasil criou mais de 11 milhões deempregos. Lembro-me que ela era a favor da Alca, afirmando que o Brasil estariaa reboque de outros países da América Latina que fizeram acordos comos EUA. O México é um dos países que fez acordo com os republicanosamericanos tornando-se uma colônia dos EUA. Atualmente está falido e éuma republica comandada por traficantes. Aprendi então que o Brasilagiu certo ao não aderir à Alca. Observei durante esses últimos sete anos que as informações da Miriamsempre me conduziram a acreditar em crises no Brasil. No final de 2008e inicio de 2009 quando a Miriam insistiu que o Brasil estava em criseem sua economia, de novo abri os olhos: o Brasil foi o primeiro a sairda recessão. Recuperou-se vigorosamente e deve crescer em 2010 pertode 6% enquanto que a maioria dos países continua em recessão! Ouço com atenção quando a Miriam censura o chanceler Celso Amorim poragir como nação soberana em relação às grandes potências. Percebi que,deixando de obedecer aos banqueiros internacionais, tornamo-nos umanação respeitada no mundo inteiro. Outro dia a Miriam comentou com o Heródoto (outro jornalista com oqual aprendo muito) que o presidente Lula é contra a emenda do PSDBque permitiria a compra de ações da Petrobras com o FGTS. Pois é! AMiriam afirmou várias vezes que o presidente Lula é contra muitosprojetos que beneficiem o povo brasileiro... Quanto mais a Miriam critica o governo, mais o Brasil torna-se odestino de investimentos internacionais. A Miriam já criticou váriasvezes os partidos da base de apoio ao governo pelas leis aprovadas embeneficio do crescimento do Brasil, mas 80% do povo apoia Lula.Aprendi que dos US$ 30 bi de reservas no final do governo FHC,chegamos aos US$ 250 bilhões atuais. Lembro-me que antes de 2003 a Miriam (e os meios de comunicação) era afavor do FMI governar o Brasil. Hoje sei que o Brasil é credor do FMI.Aliás, sócio através do recém constituído Fundo Soberano. Tudo issograças à Miriam Leitão! Hoje de manhã mais uma informação que — tenho certeza — ensinará muitoà multidão: a Miriam descobriu que existe uma crise federativa noBrasil por causa dos royalties do pré-sal e a emenda Ibsen. Ficoperguntando aos meus botões se essa crise fará com que o povo do Riode Janeiro atue contra seu governador deixando de votar nele e emDilma. Sempre ouvi que Lula foi culpado dessas crises... Estou exultante com essa conversa de hoje de manhã com o professorHeródoto Barbeiro: a Miriam ensinou-nos que falta liderança ao nossochefe de Estado. A ONU e os países ricos devem estar errados aoconcederem tantas condecorações ao nosso comandante. A imprensainternacional deveria aprender com nossa imprensa que Lula não temliderança no Brasil e que os mais de 160 milhões de brasileirosapoiando Lula não sabem votar. Curioso, né? Não quero ser injusto: aprendo também com o Merval Pereira, com oAlexandre Garcia, com o William Waack e muitos outros jornalistas dosjornalões e das Vejas. Confesso estar um pouco preocupado com a LuciaHippólito. Outro dia ela chamou a atenção dos tucanos pela imobilidadede Serra, mas acho que é para ensinar ao brasileiro votar corretamenteem outubro! Se esses profissionais e o casal Bonner começarem a criticar ogovernador Serra, votarei nele para presidente... Agradecimentos a todos!
Fonte: Portal Vermelho
Amigos da CBN, confesso que durante os últimos anos aprendi muito comela. Não perco seus comentários políticos e econômicos, seja na TV, naCBN e eventualmente em jornais. Presto muito atenção em suas análisesno Bom Dia Brasil, no bate-papo com o Heródoto, com o Sardemberg eoutras aparições dela na Rede Globo. Refiro-me à jornalista Miriam Leitão. Lembro de alguns ensinamentos:entre 2003 e 2006, inúmeras vezes na TV ou na CBN ela criticou ocrescimento do Brasil quando comparado ao de países ricos. Afirmavaque o país não poderia continuar assim. Atônito, observei que o Brasilcresce sem parar há quase 8 anos. Criticava o alto desemprego edurante os últimos sete anos o Brasil criou mais de 11 milhões deempregos. Lembro-me que ela era a favor da Alca, afirmando que o Brasil estariaa reboque de outros países da América Latina que fizeram acordos comos EUA. O México é um dos países que fez acordo com os republicanosamericanos tornando-se uma colônia dos EUA. Atualmente está falido e éuma republica comandada por traficantes. Aprendi então que o Brasilagiu certo ao não aderir à Alca. Observei durante esses últimos sete anos que as informações da Miriamsempre me conduziram a acreditar em crises no Brasil. No final de 2008e inicio de 2009 quando a Miriam insistiu que o Brasil estava em criseem sua economia, de novo abri os olhos: o Brasil foi o primeiro a sairda recessão. Recuperou-se vigorosamente e deve crescer em 2010 pertode 6% enquanto que a maioria dos países continua em recessão! Ouço com atenção quando a Miriam censura o chanceler Celso Amorim poragir como nação soberana em relação às grandes potências. Percebi que,deixando de obedecer aos banqueiros internacionais, tornamo-nos umanação respeitada no mundo inteiro. Outro dia a Miriam comentou com o Heródoto (outro jornalista com oqual aprendo muito) que o presidente Lula é contra a emenda do PSDBque permitiria a compra de ações da Petrobras com o FGTS. Pois é! AMiriam afirmou várias vezes que o presidente Lula é contra muitosprojetos que beneficiem o povo brasileiro... Quanto mais a Miriam critica o governo, mais o Brasil torna-se odestino de investimentos internacionais. A Miriam já criticou váriasvezes os partidos da base de apoio ao governo pelas leis aprovadas embeneficio do crescimento do Brasil, mas 80% do povo apoia Lula.Aprendi que dos US$ 30 bi de reservas no final do governo FHC,chegamos aos US$ 250 bilhões atuais. Lembro-me que antes de 2003 a Miriam (e os meios de comunicação) era afavor do FMI governar o Brasil. Hoje sei que o Brasil é credor do FMI.Aliás, sócio através do recém constituído Fundo Soberano. Tudo issograças à Miriam Leitão! Hoje de manhã mais uma informação que — tenho certeza — ensinará muitoà multidão: a Miriam descobriu que existe uma crise federativa noBrasil por causa dos royalties do pré-sal e a emenda Ibsen. Ficoperguntando aos meus botões se essa crise fará com que o povo do Riode Janeiro atue contra seu governador deixando de votar nele e emDilma. Sempre ouvi que Lula foi culpado dessas crises... Estou exultante com essa conversa de hoje de manhã com o professorHeródoto Barbeiro: a Miriam ensinou-nos que falta liderança ao nossochefe de Estado. A ONU e os países ricos devem estar errados aoconcederem tantas condecorações ao nosso comandante. A imprensainternacional deveria aprender com nossa imprensa que Lula não temliderança no Brasil e que os mais de 160 milhões de brasileirosapoiando Lula não sabem votar. Curioso, né? Não quero ser injusto: aprendo também com o Merval Pereira, com oAlexandre Garcia, com o William Waack e muitos outros jornalistas dosjornalões e das Vejas. Confesso estar um pouco preocupado com a LuciaHippólito. Outro dia ela chamou a atenção dos tucanos pela imobilidadede Serra, mas acho que é para ensinar ao brasileiro votar corretamenteem outubro! Se esses profissionais e o casal Bonner começarem a criticar ogovernador Serra, votarei nele para presidente... Agradecimentos a todos!
Fonte: Portal Vermelho
segunda-feira, 15 de março de 2010
A campanha de 2010 já começou!
Por Júlio Garcia*
* A guerra midiática contra o PT e a candidatura da ministra Dilma está a todo vapor. Semana passada, em São Paulo, testas-de-ferro da mídia monopolista e golpista e lambe-botas direitistas e ex-esquerdistas reuniram-se (no chamado fórum Millenium) para traçar estratégias do combate, sem tréguas – e sem decência – que farão, ou melhor, que já estão fazendo para tentar evitar o inevitável: a vitória da candidata do presidente Lula nas próximas eleições e da continuidade do projeto vitorioso que está em andamento no país nos últimos 7 anos. Como bem definiu Emir Sader em seu blog: 'Viraram pobres diabos, que vagam pelos espaços que os Marinhos, os Civitas, os Frias, os Mesquitas lhes emprestam, para exibir seu passado de pecado, de devassidão moral, agora superado pela conduta de vigilantes escoteiros da direita.' Não tenham dúvida: a campanha eleitoral deste ano já começou... e vai ser das mais acirradas e pesadas da história.
* A propósito, o script deste final de semana da 'grande mídia' é o mesmo de sempre: um promotor de SP, com notórias vinculações ao PSDB e à José Serra, inclusive suspeito por praticar atividades ilícitas junto ao crime organizado, requenta uma denúncia que não se sustenta (Bancoop), a Veja faz uma matéria de capa e o resto do PiG (Partido da Imprensa Golpista - Globo, ZH, FSP etc.) se encarrega de alardear como verdade e fato consumado. Alvo: o PT e a candidatura da ministra Dilma. Falta criatividade mas sobra ... mau-caratismo e sacanagem.
* Em relação a esse e outros temas ligados à comunicação, recentemente fui convidado - e aceitei – para participar do setorial de comunicação do PT de Porto Alegre (cidade onde trabalho), juntamente com mais de uma dezena de blogueiros e representantes de jornais de bairro da capital . A nova direção do PT de Porto Alegre, através da liderança do Adeli, tirou como prioridade o tema comunicação e, em particular, a intervenção na blogosfera. Correta e oportunamente, diga-se de passagem.
* Participei, neste último sábado, 6/03, sábado, em Porto Alegre (Casa dos Bancários), à convite do presidente do PT da capital, vereador Adeli Sell, de uma importante plenária que teve como objetivo discutir a organização na região metropolitana da pré-campanha de Tarso Genro ao governo do Estado. Deputados, vereadores, prefeitos e vices (ou representantes) e dirigentes do PT de todos os municípios da Grande Porto Alegre se f izeram presentes. Análise da conjuntura e diretrizes gerais foram discutidas, assim como as próximas ações. Logo após, Tarso (que estava de aniversário) deslocou-se para Caxias do Sul, para cumprir agenda na Festa da Uva.
* Pois quem diria, há sete meses das eleições de outubro, a candidatura da oposição de direita, os demo-tucanos, já está fazendo água. Até mesmo o jornal serrista Folha de São Paulo (ou melhor, quase ex-serrista, como avaliou o sociólogo Cristóvão Feil em recente artigo) está ‘perdendo o ânimo’ com seu candidato, que cai cada vez mais em cada pesquisa eleitoral que é divulgada, enquanto a intenção de voto na ministra Dilma não para de avançar. E Aécio Neves (MG), defenestrado meses atrás pela cúpula tucana, agora é paparicado, bajulado e ... pressionado a compor como vice, para tentar salvar a natimorta candidatura Serra. Mas já avisou: ‘não adianta empurrar’. Vai ao Senado por Minas, sem volta. Parece que José Serra vive mesmo um inferno astral – e político.
* Recebi com satisfação, através do companheiro Ruben Finamor (membro da Executiva do PT de Santiago) convite para participar de um grande evento político no próximo dia 9 de Abril, organizado pelo PT municipal. O evento terá abrangência regional.
* O convite foi encaminhado também aos companheiros Paulo Ferreira (santiaguense e pré-candidato a deputado federal) e Júlio Quadros (pré-candidato a deputado estadual), bem como ao companheiro vereador Adeli Sell e a outros pré-candidatos, parlamentares e dirigentes do PT estadual.
* A propósito de falar em Santiago, minha terra natal, foi muito gratificante minha recente estada por lá, realizada agora no período de carnaval. Aproveitei para rever amigos, familiares, encaminhar assuntos profissionais e, para não perder o hábito, para fazer várias visitas e contatos políticos. Também fui convidado – e participei, com muito gosto – da primeira reunião da nova direção do PT local, que agora é presidida pelo ex-vereador Antônio Bueno, assim como de uma importante reunião da nova Regional do PT do Vale do Jaguari, realizada na Câmara Municipal de Vereadores. Na pauta, o início da pré-campanha eleitoral e a próxima visita de Tarso Genro ao município e região.
* Nesta sábado, 13/03, no Hotel Everest, em Porto Alegre, aconteceu a plenária estadual da pré-candidatura do companheiro Júlio Quadros, que concorrerá a deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores.
* PT de Canoas (cidade onde atualmente resido), agora presidido pelo companheiro Rubens Pazzin, avança celeremente, reorganizando-se e preparando-se para dar mais uma contribuição importante para as eleições de outubro, tanto através da campanha dos candidatos proporcionais que o partido apresentará quanto das candidaturas majoritárias. Pazzin, que é advogado e sindicalista, também estava presente na plenária metropolitana do PT, acima relatada, e deu uma contribuição importante - e de qualidade - no debate lá ocorrido.
*Júlio César Schmitt Garcia (foto) é Bacharel em Direito, articulista e consultor. É um dos fundadores do PT.
**Leia mais no Blog do Júlio Garcia: http://jcsgarcia.blogspot.com/ e no Blog 'O Boqueirão': http://oboqueirao.zip.net/.
quinta-feira, 11 de março de 2010
Festa confirmada para abril
O Partido dos Trabalhadores confirmou para 09 de abril uma grande festa de confraternização e mobilização para as Eleições 2010. Os cartões para o jantar poderão ser adquiridos a R$ 7 cada, já a partir de 18 de março com os membros do Diretório Municipal. O cartão solidário (quando é pago voluntariamente um valor a mais para contribuir com os custos do evento) sairá por R$ 10. A animação será da Banda Sabor Brasileiro. O local da festa também está definido: será na Associação dos Inativos da Brigada Militar, no bairro Maria Alice Gomes, a partir das 20h30.
Pontos de venda
Os cartões também poderão ser adquiridos em locais fixos: na Refrigeração Faccin, com Fábio, e na Livraria Santiago (logo abaixo do Clube União Santiaguense), com Juarez Girelli. Mais informações pelos telefones 8136-1361 (Luís), 9988-5924 e 3251-6224 (Finamor), 9607-8696 (Terezinha).
Pontos de venda
Os cartões também poderão ser adquiridos em locais fixos: na Refrigeração Faccin, com Fábio, e na Livraria Santiago (logo abaixo do Clube União Santiaguense), com Juarez Girelli. Mais informações pelos telefones 8136-1361 (Luís), 9988-5924 e 3251-6224 (Finamor), 9607-8696 (Terezinha).
PT na Rádio Santiago
A Executiva do Partido dos Trabalhadores estará na Rádio Santiago AM neste domingo, 14, a partir das 10 horas da manhã. A representação vai participar do programa Ponto de Vista, de Jones Diniz. Além de abordar temas sobre as Eleições 2010 e os governos estadual e federal, a direção do PT pretende interagir com o ouvinte, que poderá entrar em contato ao vivo com a rádio para enviar perguntas e opiniões.
quarta-feira, 10 de março de 2010
Pela liberdade de imprensa
Por Adeli Sell*
Nossa bandeira sempre foi e sempre será a liberdade de imprensa. O PT nasceu lutando contra a ditadura e suas mordaças. Nossa história se construiu com textos que passavam de mão em mão, impressos muitas vezes ao risco da liberdade, músicas cantadas “Apesar de você”, numa imprensa que resistia para conseguir informar um mínimo do que acontecia, mesmo que fosse nas entrelinhas que os censores não percebessem.
Por isso, os ataques feitos a nós do PT a partir de um fórum organizado pelo Instituto Millenium são intoleráveis, ao tentar colocar o carimbo de agentes da censura na testa do PT.
Lembramos que os chefes da mídia conservadora boicotaram a recente Conferência de Comunicação e fizeram a sua paralela. A Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) foi um processo democrático que ocorreu em todos os Estados da Federação, culminando, em dezembro último, com o encontro nacional dos 1,3 delegados, entre empresários, movimentos sociais e governo. A contrapartida, organizada pela Millenium, foi para 180 participantes, que desembolsaram R$ 500 por dia de atividade. E agora, do alto da representatividade desse encontro, aproveitam o IV congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores – cujas resoluções apenas reiteram o controle público das mídias -, para nos acusar de stalinistas e ditatoriais.
O que seria cômico, não fora trágico, é estarem entre estes poucos, os proprietários dos grandes meios de divulgação, que monopolizam informações e se gabam de eleger e derrubar governos a seu bel prazer. Uma grande mídia que age deslavadamente operando omissões, criando factóides, deturpando e mentindo.
Em Porto Alegre, por iniciativa do PT de Porto Alegre, reunimos militantes da mídia: imprensa alternativa, blogueiros, twitteiros. A ideia de todos é que urge organizar uma Frente de Mídia Livre e democrática, sem medo de responder críticas e muito menos de receber críticas por isso.
Ou seja, sem subterfúgios, queremos – como sempre fizemos – vir a público para expor nossa visão real, sempre abertos para o debate democrático:
- Pela liberdade de imprensa!
- Pela verdade!
Adeli Sell é vereador e presidente do PT/Porto Alegre
Nossa bandeira sempre foi e sempre será a liberdade de imprensa. O PT nasceu lutando contra a ditadura e suas mordaças. Nossa história se construiu com textos que passavam de mão em mão, impressos muitas vezes ao risco da liberdade, músicas cantadas “Apesar de você”, numa imprensa que resistia para conseguir informar um mínimo do que acontecia, mesmo que fosse nas entrelinhas que os censores não percebessem.
Por isso, os ataques feitos a nós do PT a partir de um fórum organizado pelo Instituto Millenium são intoleráveis, ao tentar colocar o carimbo de agentes da censura na testa do PT.
Lembramos que os chefes da mídia conservadora boicotaram a recente Conferência de Comunicação e fizeram a sua paralela. A Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) foi um processo democrático que ocorreu em todos os Estados da Federação, culminando, em dezembro último, com o encontro nacional dos 1,3 delegados, entre empresários, movimentos sociais e governo. A contrapartida, organizada pela Millenium, foi para 180 participantes, que desembolsaram R$ 500 por dia de atividade. E agora, do alto da representatividade desse encontro, aproveitam o IV congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores – cujas resoluções apenas reiteram o controle público das mídias -, para nos acusar de stalinistas e ditatoriais.
O que seria cômico, não fora trágico, é estarem entre estes poucos, os proprietários dos grandes meios de divulgação, que monopolizam informações e se gabam de eleger e derrubar governos a seu bel prazer. Uma grande mídia que age deslavadamente operando omissões, criando factóides, deturpando e mentindo.
Em Porto Alegre, por iniciativa do PT de Porto Alegre, reunimos militantes da mídia: imprensa alternativa, blogueiros, twitteiros. A ideia de todos é que urge organizar uma Frente de Mídia Livre e democrática, sem medo de responder críticas e muito menos de receber críticas por isso.
Ou seja, sem subterfúgios, queremos – como sempre fizemos – vir a público para expor nossa visão real, sempre abertos para o debate democrático:
- Pela liberdade de imprensa!
- Pela verdade!
Adeli Sell é vereador e presidente do PT/Porto Alegre
terça-feira, 9 de março de 2010
Nota do Partido dos Trabalhadores
É com perplexidade e absoluta indignação que o Partido dos Trabalhadores vem acompanhando a escalada de ataques mentirosos, infundados e caluniosos por parte de alguns órgãos da imprensa a partir de matéria sensacionalista publicada na última edição da revista Veja.
O mais absurdo desses ataques se deu hoje, terça-feira (9), quando o jornal O Estado de S.Paulo usou seu principal editorial para acusar o PT de ser “o partido da bandidagem” – extrapolando todos os limites da luta política e da civilidade sem qualquer elemento que sustente sua tese.
O PT tem uma incontestável história de lutas em defesa da democracia, da cidadania, da justiça e das liberdades civis. Nasceu dessas lutas, se consolidou a partir delas e, nos governos que conquistou, tem sido o principal promotor da idéia de um Brasil efetivamente para todos, com absoluto respeito às instituições democráticas, às regras do jogo político e ao direito fundamental à liberdade de opinião e expressão.
Para nós, a diversidade de opiniões é a essência não só da democracia, mas também do próprio PT. Devemos a essa característica, em grande parte, o sucesso de nosso projeto de país, cujo apoio majoritário da população se dá em oposição aos interesses da minoria que nos ataca.
Nem o PT nem a sociedade brasileira podem aceitar o baixo nível para o qual parte da mídia ameaça levar o embate político às vésperas de mais uma eleição presidencial. O Brasil não merece isso. A democracia não merece isso. A liberdade de imprensa, defendida pelo PT mais do que por qualquer outro partido, não merece que façam isso em nome dela.
O PT não entrará nesse jogo, no qual só ganham aqueles que têm pouco ou nenhum compromisso com a democracia. Mas buscará, pelas vias institucionais, a devida reparação judicial pelas infâmias perpetradas contra o partido e seus milhões de militantes nos últimos dias.
Acionaremos judicialmente o jornal o Estado de S.Paulo, pelo editorial desta terça, e a revista Veja, pela matéria que começou a circular no último sábado. Também representaremos no Conselho Nacional do Ministério Público contra o promotor José Carlos Blat, fonte primária de onde brotam as mentiras, as ilações, as acusações sem prova e o evidente interesse em usar a imprensa para se promover às custas de acusações desprovidas de qualquer base jurídica ou factual.
José Eduardo Dutra
Presidente Nacional do PT
O mais absurdo desses ataques se deu hoje, terça-feira (9), quando o jornal O Estado de S.Paulo usou seu principal editorial para acusar o PT de ser “o partido da bandidagem” – extrapolando todos os limites da luta política e da civilidade sem qualquer elemento que sustente sua tese.
O PT tem uma incontestável história de lutas em defesa da democracia, da cidadania, da justiça e das liberdades civis. Nasceu dessas lutas, se consolidou a partir delas e, nos governos que conquistou, tem sido o principal promotor da idéia de um Brasil efetivamente para todos, com absoluto respeito às instituições democráticas, às regras do jogo político e ao direito fundamental à liberdade de opinião e expressão.
Para nós, a diversidade de opiniões é a essência não só da democracia, mas também do próprio PT. Devemos a essa característica, em grande parte, o sucesso de nosso projeto de país, cujo apoio majoritário da população se dá em oposição aos interesses da minoria que nos ataca.
Nem o PT nem a sociedade brasileira podem aceitar o baixo nível para o qual parte da mídia ameaça levar o embate político às vésperas de mais uma eleição presidencial. O Brasil não merece isso. A democracia não merece isso. A liberdade de imprensa, defendida pelo PT mais do que por qualquer outro partido, não merece que façam isso em nome dela.
O PT não entrará nesse jogo, no qual só ganham aqueles que têm pouco ou nenhum compromisso com a democracia. Mas buscará, pelas vias institucionais, a devida reparação judicial pelas infâmias perpetradas contra o partido e seus milhões de militantes nos últimos dias.
Acionaremos judicialmente o jornal o Estado de S.Paulo, pelo editorial desta terça, e a revista Veja, pela matéria que começou a circular no último sábado. Também representaremos no Conselho Nacional do Ministério Público contra o promotor José Carlos Blat, fonte primária de onde brotam as mentiras, as ilações, as acusações sem prova e o evidente interesse em usar a imprensa para se promover às custas de acusações desprovidas de qualquer base jurídica ou factual.
José Eduardo Dutra
Presidente Nacional do PT
sábado, 6 de março de 2010
Dilma: “Preferimos as vozes dessas oposições - ainda quando mentirosas, injustas e caluniosas - ao silêncio das ditaduras”
Uma mulher brasileira nascida não abençoado solo das Minas Gerais, nas Terras Bravas crescida do Rio Grande do Sul. Mulher torturada pela Ditadura Militar, discriminada como tantas mulheres brasileiras que DECIDIRAM emancipar-se e entrar na vida política enfrentando o machismo de uma sociedade preconceituosa.
Mulher caluniada por poderosos grupos de comunicação do País documentos que falsearam e Identidades. Mulher que apesar de tantas agressões sofridas Através da mídia conservadora ainda expressa uma frase digna de ser relembrada.
"Preferimos as vozes dessas oposições - ainda quando mentirosas, injustas e caluniosas - ao silêncio das ditaduras", palavras de Dilma Rousseff.
Não é a toa que o presidente mais popular da história do Brasil, o ex-operário e retirante nordestino, Luiz Inácio Lula da Silva, nos presenteou com uma indicação de uma mulher brasileira do quilate de Dilma Rousseff, para ser uma sua Sucessora, uma primeira mulher presidenta do Brasil.
Uma mulher que pronuncia uma frase dizendo que são preferíveis as mentiras da mídia ao silêncio imposto pela ditadura militar, merece o respeito de todos nós que lutamos por um país mais justo e democrático mais uma vez cada.
Por isso, é inadmissível, vergonhoso, medíocre o comportamento da chamada "grande mídia brasileira" nos porões dos bastidores que Tentam Criminosos do poder, e não terá Êxito, manchar uma história de garra, determinação e competência da nossa futura presidenta Dilma, a qual construiu junta, com outras tantas mulheres homens e brasileiros, um Brasil democrático.
O povo brasileiro não aceita golpes patrocinados pelos Meios de Comunicação como num passado recente Aconteceram no Brasil, derrubando Governos Eleitos democraticamente, a exemplo do Governo do Presidente João Goulart, em 1964, e tantas outras interferências como Midiáticas Quais subjugaram a nação brasileira ao longo de décadas. O povo brasileiro está atento e mostrará que é independente soberano, é.
Agora é Dilma!
FONTE: http://blogdojuniormiranda.blogspot.com/
sexta-feira, 5 de março de 2010
Caso Eliseu – Entrevista de Marcos Rolim ao jornalista Mirgon Kayser Júnior
"A morte de Eliseu Santos está envolta em dúvidas profundas e fatos que não estão recebendo a devida publicidade, como as investigações relativas ao Instituto Sollus e o possível envolvimento de Eliseu e outros membros da prefeitura no desvio de R$ 10 milhões em verbas provenientes da saúde da capital. A postura da polícia e da grande imprensa também tem contornos confusos e questionáveis.
Diante disso, convidei Marcos Rolim para uma entrevista sobre o tema. Rolim é ex-deputado estadual e federal pelo RS, jornalista, consultor em Segurança Pública e Direitos Humanos, além de membro do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. É membro fundador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Instituto Brasileiro de Justiça Restaurativa, integrando, ainda, o Comitê Nacional de Combate à Tortura."
Mirgon - Rolim, agradeço a sua disposição em conceder essa entrevista para o blog. O senhor tem sustentado que todos os indícios levam a crer que o assassinato de Eliseu Santos tenha sido uma execução, ao contrário do que os jornais e rádios têm veiculado em suas coberturas sobre a opinião das investigações. Que elementos são esses que o levam a discordar do rumo das investigações?
Marcos Rolim - Antes de responder esta primeira questão, gostaria de assinalar um aspecto da cobertura da imprensa que me parece relevante. Quem acompanhou as primeiras notícias sobre o assassinato e as matérias dos jornais de sábado percebeu que, depois disso, houve uma inflexão na cobertura da mídia que passou a assumir a hipótese do latrocínio. Uma das razões para esta mudança foi a de que a cúpula da Polícia Civil passou a tratar o fato como latrocínio antes mesmo que houvesse investigação.
Quando coisas assim ocorrem pode apostar que há encrenca. Jornalistas possuem fontes nas polícias e, quase sempre, não mantém uma postura independente diante delas. A falta de formação na área e os laços de amizade e confiança que os setoristas vão construindo com suas fontes fazem com que, muitas vezes, os jornalistas se transformem em assessores de imprensa das polícias sem que se dêem conta disso. A propósito, uma polícia altamente profissionalizada não passa informações sobre rumos de investigação à imprensa, salvo quando esta atitude for importante para o sucesso da própria investigação.
Sobre os indícios, sabemos que furtos e roubos são “crimes de oportunidade”. A criminologia define assim aquele tipo de crime que, como regra, só ocorre quando os autores percebem uma oportunidade tida como favorável para a consumação. No caso, a oportunidade melhor para a abordagem da vítima se deu antes de Eliseu Santos acomodar mulher e filha no veículo. O fato dos autores terem esperado ele acomodar a família no carro para abordá-lo constitui uma evidência forte em favor da hipótese de execução.
Na mesma linha, se o objetivo era roubar o carro, os autores poderiam tê-lo roubado após a morte da vítima. Ainda que não o fizessem, certamente levariam a pistola da vítima. Nada disso ocorreu, o que não bate com a conduta mais comum neste tipo de crime, mesmo quando há reação. Foi dito que os autores do crime eram “amadores” porque não usaram pistolas, mas revólveres. Digo que é mais “profissional” o assassino que usa revólver (desde que com munição de alto impacto), porque pistolas ejetam cápsulas que permitem à perícia informações relevantes sobre estojos e lotes de munição, etc. Revólveres não deixam este tipo de vestígio.
Não penso que seja uma coincidência o assassinato de dois médicos (Eliseu e Becker) – que se conheciam e que tiveram disputas na área da saúde – em um intervalo de pouco mais de um ano, em circunstâncias semelhantes, na mesma região da cidade, etc.
É provável que exista relação entre os fatos. Esta hipótese, entretanto, é muito difícil para a Polícia Civil, porque pode colocar em questão as conclusões do inquérito sobre o assassinato de Becker. Haverá, além disso, problemas políticos de monta caso se confirme a hipótese da execução. Penso que tudo isso esteja conduzindo as investigações para uma conclusão apressada e errada ou, o que é pior, para uma conclusão mentirosa.
Mirgon - Segundo informação que o senhor postou no seu Twitter, os assassinos teriam tratado Eliseu pelo nome. O senhor confirma essa informação? Esse fato deveria ser determinante no rumo das investigações?
Marcos Rolim - Não sei se a informação é verdadeira. O que me foi dito por fonte confiável é que esta informação é de domínio da direção do PTB. Foi o que relatei no twitter: circula na direção do PTB que os assassinos chamaram a vítima pelo nome. É claro que se esta informação for verdadeira não restará dúvida sobre a natureza do fato.
Mirgon - Tendo sido realmente uma execução, uma das possibilidades é que tenha ligações com o caso Sollus. O senhor considera essa opção a mais provável? Por que?
Marcos Rolim - No caso de estarmos lidando como uma execução, o caso Sollus aparece – claro – como um tema importante. Não apenas pelos interesses envolvidos, mas por se tratar de escândalo recente. Lembremos que Eliseu havia prestado depoimento à PF na véspera. Não se pode dizer, entretanto, que o caso Sollus tenha maior probabilidade de estar na origem do assassinato, nem se deveria desprezar outras possibilidades. Para isso seria preciso conhecer melhor quem foi Eliseu Santos. Fomos deputados em um mesmo período e, embora nunca tenha tido uma relação próxima com Eliseu, lembro de ter ouvido dele, mais de uma vez, de que “prenderia o dedo” caso se encontrasse com um “vagabundo”. Sinceramente, Eliseu me parecia, desde aquela época, um sujeito capaz de “perder facilmente o contato com a torre”. Mais recentemente, fiquei sabendo que ele mantinha uma arma no porta-malas do seu carro, porque imaginava que assim teria chance de reagir caso fosse seqüestrado e colocado ali. Há alguns anos, Eliseu baleou um fotógrafo em uma discussão banal de trânsito em Porto Alegre e, por pouco não o matou. Isto evidencia um tipo de temperamento que o predispunha ao conflito, à ameaça, etc. algo, digamos, pouco evangélico. Óbvio que um sujeito assim faz muitos inimigos. Então, se confirmada a tese da execução, a polícia terá que lidar com muitas possibilidades, o que faz o caso mais difícil.
Mirgon - Para finalizar, o assassinato de Eliseu tem em comum com a morte de Marcelo Cavalcanti o fato de ter ocorrido em meio à investigações de corrupção que envolviam Eliseu no municipio e Cavalcanti no estado. A morte de Marcelo Cavalcanti nunca foi bem explicada e também restou dúvidas sobre um possível assassinato de queima de arquivo. Eliseu pode ter sido executado. Qual a sua opinião sobre esse momento de "faroestização" da política gaúcha, antes tida como uma das mais qualificadas do país?
Marcos Rolim - Primeiro, penso que a política gaúcha nunca foi algo muito qualificado. Em um passado mais remoto, talvez. Mas nos últimos 50 anos, o que ocorreu com a política brasileira ocorreu com a política gaúcha. Houve uma desqualificação contínua em nossa representação parlamentar e se abriram possibilidades inéditas para a consagração eleitoral de máfias políticas nos governos. O fenômeno é generalizado e foi abatendo os partidos um a um. A pior notícia é que estamos no meio deste processo. Ou seja: ainda não chegamos ao fundo do poço. O que o RS teve, por um bom tempo, como diferencial foi uma sociedade civil mais organizada, mais ativa e consciente. Isto produziu um impacto na realidade institucional e fez com que os poderes funcionassem em um sentido mais republicano. Penso que estamos perdendo esta vantagem também pelo amesquinhamento do debate público, pelas simplificações oferecidas pela mídia, pela incapacidade que direita e esquerda têm demonstrado de revisar suas posições e se sintonizar com os grandes temas do mundo e da democracia.
A morte de Marcelo Cavalcante segue sendo um mistério. Na época, escrevi um artigo em ZH a respeito da seleção do afogamento por suicidas, com base em muitos estudos científicos, onde sustentei que as circunstâncias da morte dele desautorizavam a hipótese do suicídio. Sigo com esta opinião e, neste tempo todo, a Polícia Civil do DF não ofereceu uma só evidência capaz de contrastá-la. Francamente, acho que a Polícia não produziu o que poderia ter produzido, porque o governador do DF chamava-se Arruda.
Não acho que exista ligação entre as mortes de Marcelo e Eliseu. Mas é possível que exista uma característica comum entre as vítimas: ambos poderiam causar um estrago político considerável se contassem tudo aquilo que, provavelmente, sabiam.
Assinar:
Postagens (Atom)