Por Marco Aurélio Weissheimer
A pesquisa Datafolha, divulgada neste sábado, apresenta dados curiosos. Segundo o instituto, Serra abriu vantagem na disputa. No entanto, a mesma pesquisa aponta que Dilma ampliou sua vantagem na espontânea, dado obviamente omitido das manchetes. Enquanto isso, professores experimentam mais uma vez a truculência do governo Serra, que reprimiu duramente manifestação de sexta-feira. Jornalista Leandro Fortes analisa foto que, segundo ele, ilustra bem o mundo bizarro do governador José Serra. (A foto é de Clayton de Souza, da Agência Estado).
Como explicar essa diferença entre os números da espontânea e da estimulada? Talvez um manuseio excessivamente entusiasmado na margem de erro da estimulada? Sabe-se lá...
Os professores e o "mundo bizarro de Serra”
A pesquisa Datafolha serve também, entre outras coisas, como uma antecipação da campanha de Serra aos problemas à sua imagem causados pela greve dos professores em São Paulo. Na sexta-feira, tropas de choque da Polícia Militar de São Paulo reprimiram uma nova manifestação dos grevistas, usando bombas de efeito moral e balas de borracha. Pelo menos 16 pessoas ficaram feridas. Se a matéria relativa à pesquisa tivesse uma foto para ilustrar o quadro por ela descrito, essa foto seria a da Agência Estado (acima), de que fala o jornalista Leandro Fortes, em seu blog Brasília, eu vi (ver abaixo). No final da noite de sexta, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), divulgou nota oficial, condenando a truculência do governo Serra e pedindo, mais uma vez, a abertura de negociações com a categoria:
Os lamentáveis acontecimentos de hoje nas proximidades do Palácio dos Bandeirantes, onde a truculenta polícia de José Serra deixou vários professores feridos, não vão calar a voz do magistério paulista em busca do atendimento de suas legítimas reivindicações salariais, profissionais e educacionais.
Bombas, truculência, ameaças e afrontas não nos intimidarão. Temos reivindicações e queremos negociação. Não nos ajoelharemos e não nos curvaremos à vontade deste governo. A greve continua!
Os acontecimentos da sexta-feira em São Paulo foram resumidos assim pelo jornalista Leandro Fortes em seu blog, Brasília eu vi:
Muito ainda se falará dessa foto de Clayton de Souza, da Agência Estado, por tudo que ela significa e dignifica, apesar do imenso paradoxo que encerra. A insolvência moral da política paulista gerou esse instantâneo estupendo, repleto de um simbolismo extremamente caro à natureza humana, cheio de amor e dor. Este professor que carrega o PM ferido é um quadro da arte absurda em que se transformou um governo sustentado artificialmente pela mídia e por coronéis do capital. É um mural multifacetado de significados, tudo resumido numa imagem inesquecível eternizada por um fotojornalista num momento solitário de glória. Ao desprezar o movimento grevista dos professores, ao debochar dos movimentos sociais e autorizar sua polícia a descer o cacete no corpo docente, José Serra conseguiu produzir, ao mesmo tempo, uma obra prima fotográfica, uma elegia à solidariedade humana e uma peça de campanha para Dilma Rousseff.
Inesquecível, Serra, inesquecível.
Fotos: Clayton de Souza/Agência Estado
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16489
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