Por Paulo Sant’ana
A gente lê e não acredita: o presidente Lula está em Israel para mediar a crise entre palestinos e israelenses.
E é encarado tanto pelo governo de Israel quanto pela França, os Estados Unidos e a Rússia como importante mediador global e ensarilhador de tensões.
Está agora em Israel Lula, pronto para conversar também com os palestinos e tentar um acordo entre os dois povos.
E, no dia 15 de maio próximo, Lula estará em Teerã, tentando ser um pacificador da questão nuclear e amenizador das sanções que as nações ocidentais estão impondo ao Irã pela ameaça de enriquecimento de urânio naquele país, um explosivo incidente que pode levar à guerra, conhecendo-se a intenção de Israel de bombardear o Irã no caso de que surjam vestígios nítidos de que Teerã esteja cultivando uma bomba nuclear.
A questão no Oriente Médio é tão intrincada e falecem tanto as soluções, que os políticos e governantes das nações em litígio, assim como as nações mais poderosas do mundo, aceitam mediação vinda de onde venha. Ainda mais uma mediação com autoridade neutral, que parece ser o caso do Brasil, que não foi potência imperialista no Oriente Médio, caso da Grã-Bretanha e da França. E é importante também, para a condição de mediador autorizado que Lula ostenta, que o Brasil é um país cuja Constituição o proíbe de desenvolver armas atômicas, o que o credencia para negociar acordo entre as potências nucleares e o emergente e assanhado Irã.
Lula percebeu esse vazio e se coloca à disposição dos litigantes para mediá-los.
E chama a atenção a importância que todos emprestam à figura de Lula como apaziguador de seus conflitos.
A impressão que se tem desses fatos é de que Lula é muito mais respeitado no Exterior do que aqui no Brasil.
Chega a ser emocionante ver como o Brasil é encarado com respeito pela comunidade internacional. Fato novo, criado pelo governo Lula. E especialmente criado pela figura simpática do presidente brasileiro.
A um desavisado aqui no Brasil, poderia ocorrer que a participação de Lula nas mediações desses importantes conflitos internacionais, os mais importantes em todo o cenário mundial, seria meramente folclórica.
Nada disso, a mediação do presidente Lula é ansiada pelos governantes e políticos das nações litigantes, transmitindo alguns deles até mesmo a opinião de que a intervenção de Lula nesses assuntos pode ser providencial para sua solução.
É espantosa essa saliência de Lula e do Brasil no cenário das relações internacionais. Nunca, sob qualquer governo, o Brasil teve essa notoriedade e destaque.
E de nós, brasileiros, é maior ainda o espanto: como pôde um ex-retirante de pau de arara, metalúrgico de dedo decepado de uma fábrica do ABC, líder de greves no período militar, sem luzes e cultura, ter chegado a esse ponto em que ameaça deixar o governo que está no fim, com a imagem de um estadista?
E estadista internacional.
Está aí o típico exemplo de um homem que deu e emprestou importância ao seu cargo.
Fonte: Jornal Zero Hora de 15/03/2010
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