*Por Ruben Finamor
Alienação, do latim alienus (outro), é um fenômeno que, de forma sintética, pode ser definido como forma ou meio pelo qual seres humanos se eximem da responsabilidade de seus atos, transferindo-a para outros seres. Os homens criam coisas externas a ele, dão independência a esses objetos como se fossem seres em si, e em seguida se deixam governar por eles. Feuerbach dedicou-se à questão da alienação religiosa, na qual o homem transfere a responsabilidade de seus atos para um outro (Deus), que sendo onisciente, onipotente e onipresente, a todos comanda a dirige.
Marx aprofundou os estudos de Feuerbach, seguindo essa linha materialista, passa a desenvolver estudos sobre a alienação social, na qual o homem não compreende ser ele o responsável pela criação de suas instituições sociais. Define então o sistema sócio-político e econômico como algo natural, da razão universal ou de origem divina. Nessa situação o homem não se percebe capaz de estabelecer mudanças no seu meio.
A nova concepção de trabalho utiliza-se muito bem dessa ferramenta de controle social, e potencializa seu poder de abrangência. O homem no meio desse processo, não se reconhece na produção de seu trabalho, como se ela tivesse sido produzida somente por uma máquina, e da mesma forma, por si mesma, tivesse se exposto ao seu olhar de consumidor. Também não reconhece o meio de trabalho como algo estruturado para lhe retirar o que o define como trabalhador: o seu saber, mesmo que técnico, através de cada vez mais acentuada, divisão social do trabalho. Os trabalhadores só têm acesso a uma pequena parte do conhecimento necessário para a confecção de uma também pequena parte de um produto.
O trabalhador não percebe o quanto o seu meio de trabalho muitas vezes o brutaliza e o desfigura, através da exigência contínua do uso de apenas alguns grupos de músculos, remetendo-o ao que temos de mais primordial, o homem que necessita exclusivamente da força física para sobreviver.
Assim, temos trabalhadores capazes de executar a sua tarefa com a velocidade exigida pela voracidade do capitalismo de consumo, mas não temos seres conscientes do que estão ajudando a “construir”, de suas origens e do seu papel na História.
*Ruben Bitencourt Finamor é Professor de História e Secretário de Formação Política do PT de Santiago/RS.
Caro comp. Finamor, vedm em boa hora esta tua contribuição. Também atual, oportuna e apropriada a escolha do tema. Sugiro que dês continuidade, oxigenando assim a formação e o debate.
ResponderExcluirAbraços!